Entre Janeiro e Dezembro de 2020, as exportações da fileira das frutas, legumes, plantas ornamentais e flores perfizeram um total de 1.683 milhões de euros (M€), o que constitui um aumento de 4,4% em valor face ao mesmo período de 2019. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), apesar de se ter verificado um «ligeiro decréscimo das exportações em volume (-0,9%), para 1.589.000 toneladas, o preço por quilo subiu 5,3% em comparação com o ano anterior.
Em 2020, Espanha continuou a liderar o pódio da exportação portuguesa de frutas, legumes e flores, representando 32,9% do total das vendas (553 M€). O top 5 dos principais mercados conta ainda com França (12,8%; 216 M€), Holanda (10,4%; 174 M€), Reino Unido (9,1%; 153 M€) e Alemanha (7,1%; 119 M€).
A União Europeia absorveu 78% das vendas da fileira ao exterior, enquanto os países terceiros representam 22% das exportações (365 M€). Em comunicado, a Portugal Fresh – Associação para a Promoção das Frutas, Legumes e Flores de Portugal realça que «este dinamismo permitiu melhorar o equilíbrio da balança comercial da fileira, que passou de 91,8% em 2019, para 94,7% no final de 2020».
Em 2020, o segmento das frutas contabilizou 47% do total das exportações da fileira (793 M€), mais 1% do que no ano anterior. O segmento dos preparados de frutas e legumes representou 28% das vendas ao exterior (467 M€), com um incremento de 1% relativamente a 2019. A Portugal Fresh assinala que os legumes foram responsáveis por 19% do total das exportações da fileira (217 M€), o que significa uma descida de 2% face ao ano anterior e que «as plantas ornamentais e flores, apesar de serem o subsector mais fustigado pelos efeitos dos lockdowns para travar o contágio da covid-19, conseguiram manter, em 2020, a proporção de 6% no total de exportações (107 M€)».
Ao nível dos subsectores, os pequenos frutos (framboesas, amoras, mirtilos, morangos e groselhas) continuaram a liderar as exportações em 2020, tendo registado um valor de 246,6 M€ (mais 5,5% em relação a 2019). A seguir surgem o tomate processado – com vendas de 238,3 M€ (mais 19,3%) – e os citrinos – que perfizeram 178,7 M€, o que constitui um crescimento de 52,8% em relação ao ano anterior. É ainda destacado que «só as exportações de laranja subiram uns impressionantes 72%, valendo 127 M€».
«São números muito positivos para este que é um sector campeão da economia nacional, mais considerando o contexto de pandemia que o mundo atravessa. O investimento que tem sido feito na fileira e a aposta dos produtores em modernizar todo o sistema de produção têm possibilitado crescer e melhorar sistematicamente, ao longo dos últimos dez anos, o que faz com a produção de origem portuguesa seja hoje um fornecedor de excelência, tanto para o mercado europeu como para a América e Ásia. A agricultura precisa de acelerar a sua transição para o digital para fazer face ao contexto pandémico, que irá persistir globalmente ao longo de 2021, e continuar a percorrer o caminho da diversificação de mercados e de conquista de outras geografias», afirma o presidente da Portugal Fresh. Gonçalo Santos Andrade defende que, «para assegurarmos competitividade futura, precisamos de continuar a garantir investimento em inovação e tecnologia em toda a cadeia de valor, que deve ser acompanhado por investimento público estratégico em infraestruturas, designadamente os respeitantes à gestão eficiente da água».
A Portugal Fresh sublinha que, mesmo no decorrer da pandemia, num ano particularmente difícil para a economia nacional, «a fileira observou um desempenho positivo e dinâmico, em contraciclo com a generalidade dos sectores da economia nacional, que registaram quebras significativas nas suas vendas ao exterior», e que conseguiu «manter a dinâmica de crescimento que tem marcado a última década», mas sem esquecer que os desafios persistem. «As principais economias continuam em confinamento e as previsões de recuperação económica têm sido consistentemente revistas em baixa. Pelo que este novo ano terá, certamente, muitos desafios pela frente, a começar pela previsível redução do rendimento das famílias – em Portugal, mas também nos nossos mercados de destino – que, nos próximos tempos, poderá ditar a retracção do consumo e, portanto, impactar nas vendas. Ainda assim, pela aposta que os produtores nacionais têm feito na modernização das suas culturas e na diversificação da sua oferta, indo ao encontro das necessidades dos consumidores, acredito que manteremos a tendência de crescimento. Os consumidores podem estar, por isso, tranquilos: vão continuar a ter acesso a produtos de qualidade, frescura e de elevada segurança alimentar, permitindo-lhes uma dieta saudável e equilibrada. Assim, estaremos mais próximos de cumprir aquela que é a nossa meta para 2030: atingir 2,5 mil milhões de euros em exportações. A próxima década será certamente desafiante, mas temos a resiliência e visão necessárias para manter o rumo do crescimento», conclui Gonçalo Santos Andrade.