Exportações de pequenos frutos batem recorde em 2020 e atingem 247 milhões de euros

Entre Janeiro e Dezembro de 2020, as exportações de pequenos frutos nacionais – framboesas, amoras, mirtilos e morangos – cresceram 5,5% em valor face ao ano anterior, de acordo com os mais recentes números publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre o comércio internacional, divulga a Lusomorango num comunicado.

As vendas ao exterior desta fileira atingiram 247 milhões de euros no ano passado (face a 234 milhões, em 2019), o que «denota a resiliência do sector num período económico muito conturbado e marcado pelas consequências do combate à pandemia de covid-19».

Num ano em que as exportações nacionais caíram acima de 10%, a fileira agroalimentar, no geral, e o sector dos pequenos frutos, em particular, assumem-se como a excepção neste panorama de profunda retracção.

Os pequenos frutos mantêm-se, assim, como os campeões das exportações agrícolas nacionais,  sendo os produtos da fileira das frutas e legumes mais vendidos ao exterior. Desde 2015, as vendas ao exterior praticamente triplicaram.

Luís Pinheiro, presidente do Conselho de Administração da Lusomorango, a maior Organização de Produtores nacional de frutas e legumes, em volume de negócios, e que se dedica à produção e comercialização de pequenos frutos, sobretudo a partir da região do Sudoeste Alentejano, afirma: «Na anterior crise económica, o sector dos pequenos frutos já tinha demonstrado a sua importância enquanto pilar do sector agrícola nacional, que foi um dos grandes responsáveis pelo crescimento das exportações nacionais e, nesse sentido, o motor da recuperação económica. Menos de uma década depois, e para responder a circunstâncias completamente inesperadas, os pequenos frutos voltam a mostrar uma resiliência muito forte em contextos de crise. Naturalmente, também fomos afectados pelos efeitos da pandemia, sobretudo com os aumentos dos custos de produção e de logística, que estão a ser suportados pelos produtores, mas estes números comprovam que a produção agrícola de produtos de qualidade, aliada às modernas, avançadas e ambientalmente sustentáveis técnicas da agricultura de precisão, tem futuro. E, sobretudo, tem um papel fundamental a desempenhar na recuperação económica que será crucial na próxima década.»

O responsável não esquece a importância que a extensão do mecanismo europeu de retirada de produto do mercado ao sector dos pequenos frutos e que, no período do primeiro confinamento, permitiu fazer face às dificuldades de escoamento da produção e da quebra generalizada de vendas: «Esse instrumento europeu foi importante para manter a capacidade produtiva do sector, permitindo-lhe encarar o segundo semestre do ano com alguma estabilidade. Igualmente relevante foi o esforço feito, a nível europeu, para manter as fronteiras abertas e a agilidade dos processos de expedição de mercadorias para o exterior, mesmo quando os nossos principais mercados voltaram a confinar.»

Além do crescimento em valor, as exportações de pequenos frutos também registaram um recorde em termos de quantidade vendida ao exterior: em 2020, seguiram para os mercados de destino internacionais 39,3 mil toneladas de framboesas, amoras, mirtilos e morangos, mais 2% do que no ano anterior.

Os mirtilos (+45%) e as amoras (+32%) foram as categorias que registaram maiores crescimentos, em valor, em termos de exportações. As framboesas mantiveram o registo de 2019, enquanto os morangos registaram um recuo de 25% face ao ano anterior.

Uma cultura altamente adaptada a Portugal e em constante modernização

Os pequenos frutos nacionais, pelas suas características organolépticas, são especialmente apreciados nos mercados europeus mais exigentes, sobretudo da Europa Central e do Norte.

Em 2020, mais de metade das exportações destes frutos destinaram-se a dois mercados: o holandês (32%), que representou 80 milhões de euros; e o alemão (20%), que pesou 49 milhões de euros. O pódio dos maiores clientes fica completo com Espanha (17%), que comprou 43 milhões de euros de pequenos frutos a Portugal. Reino Unido, França, Bélgica e Suécia são outros mercados importantes para a fileira nacional.

«Sabemos que o pior pode ainda não ter passado, mas este desempenho do sector, perante as dificuldades acrescidas verificadas ao longo do último ano nas trocas comerciais entre economias em constante confinamento e encerramento da actividade económica, demonstra bem a percepção

positiva dos pequenos frutos portugueses no estrangeiro. Qualidade, sabor e frescura são características reconhecidas pelos consumidores, a par dos seus benefícios nutritivos e vitamínicos, o que reforça aquilo que já sabemos: esta cultura está altamente adaptada às condições edafoclimáticas do País, fortemente marcadas pela influência Atlântica, pelo que deve ser acarinhada e reconhecida como vital para a fileira agrícola e para a economia nacional», refere Luís Pinheiro.

Actualmente, a Lusomorango conta com 41 associados e regista um volume de negócios superior a 65 milhões de euros, exportando mais de 95% da sua produção.

O presidente do Conselho de Administração da OP sublinha ainda que «tem sido visível, na última década, o esforço de modernização do sector, que recorre cada vez mais a tecnologias avançadas, que permitem a utilização eficiente dos recursos naturais disponíveis, tendo por base uma visão de negócio assente na sustentabilidade ambiental, social e económica». E aponta para os investimentos que têm sido feitos pelos produtores de pequenos frutos, a grande maioria na região do Sudoeste Alentejano, que têm permitido a melhoria contínua da gestão das suas culturas em função do mínimo desperdício de recursos e da preservação ambiental.

Contudo, para continuar no caminho do crescimento e da sustentabilidade, é necessário que os decisores políticos garantam condições para manter a resiliência do sector agrícola e, em particular, dos pequenos frutos – cujo crescimento das exportações, nos anos vindouros, pode estar em risco, defende.

O processo de desertificação em curso necessita de ser rapidamente travado e o investimento na modernização de infraestruturas de rega – nomeadamente do Perímetro de Rega do Mira, que abarca a principal geografia de produção de framboesa (por si só, vale 183 milhões de euros de exportações) – será crucial para garantir que o sector continuará a produzir, a criar postos de trabalho e a fixar população em territórios de baixa densidade.

«Portugal agora mais do que nunca, necessita de uma agricultura altamente exportadora e moderna, que se mantenha como pilar fundamental da economia nacional e do exigente processo de recuperação que tem pela frente», sentencia Organização de Produtores.

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