A situação de seca que se vive em todo o território nacional, pelo segundo ano consecutivo, especialmente no Sul do país, está a deixar os produtores de cereais de Outono/Inverno com enormes preocupações relativas à campanha em curso.
Depois de um Inverno com recordes de precipitação, que dificultou muito a instalação das culturas de Outono/Inverno, especialmente os cereais praganosos, levando a uma área ainda mais reduzida destas
culturas nesta campanha, única alternativa cultural em muitas regiões de Portugal, segue-se uma seca com proporções ainda mais devastadoras que a de 2022. Desde o início do ano, a precipitação foi quase
inexistente, com valores de temperatura bem acima do que é normal para a época.
A falta de pluviosidade já provocou danos irreparáveis nas culturas instaladas, nomeadamente trigo mole, trigo duro, triticale e cevada, sendo que, em muitas situações, está já em causa todo o potencial produtivo das culturas.
«A grave situação climática, dois anos seguidos, aliada aos elevados custos dos factores de produção, irá certamente levar ao agravamento da já difícil situação vivida por muitos agricultores», defende a Anpoc – Associação Nacional de Produtores de Cereais.
Existem meios para acudir a estes agricultores, meios esses que não implicam necessariamente reforços financeiros, nomeadamente «através da alteração de algumas regras da Política Agrícola Comum, que
inevitavelmente terão de ser implementados para colmatar esta quebra expectável de produtividade».
A Anpoc apela assim ao Governo e às entidades competentes que «atendam a esta conjuntura meteorológica altamente desfavorável e tomem as devidas providências para que, em tempo útil, se consiga mitigar os
efeitos já esperados».