AJAP pede estabilidade para o sector e mais atenção do Governo para com a agricultura

A propósito das polémicas em torno da nomeação e posterior demissão da secretária de Estado da Agricultura, Carla Alves, o director-geral da Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP) defende que «todas estas falhas do Governo não são muito normais» e que «este sector necessita de muita estabilidade e da máxima concentração no que tem de fazer, nomeadamente preparar e implementar o PEPAC [Plano Estratégico da Política Agrícola Comum 2023-2027] que temos em curso desde o início de Janeiro, e infelizmente estamos a perder demasiado tempo com estes mexericos». Num comunicado da AJAP relativo às perspectivas para o sector agrícola em 2023, Firmino Cordeiro refere que «os tempos que atravessamos são difíceis e exigem muito mais atenção e foco do Governo para este sector, talvez dos poucos com provas dadas nos últimos tempos de resiliência, com aumentos de produtividade e com números cada vez mais interessantes nas exportações».

O director-geral da AJAP afirma que o Governo «não tem dado a devida atenção a este sector» e compara a situação em Portugal com a de Espanha, nomeadamente quanto aos problemas com os factores de produção (sementes, rações, fertilizantes e pesticidas), os combustíveis e a energia. «Se compararmos com o que o Governo da vizinha Espanha tem feito junto do sector, ficamos muito, mas muito aquém da celeridade com que os agricultores espanhóis recebem apoios, alguns directos no acto de comprar os factores de produção, como os combustíveis e energia. São os nossos concorrentes mais directos. Estamos sempre a competir bem abaixo do nível mínimo aceitável quando queremos exportar e fazer negócios, com tudo mais caro, temos menos lucro, margens miseráveis, por vezes até negativas, e, claro, neste cenário, vamos continuar a assistir a muitas explorações a fechar portas.»

Firmino Cordeiro considera 2023 como um ano «terrível, com pouco dinheiro para investir no sector”, e que «vamos “rapar o tacho” dos restos do PDR 2020 e do PRR, com o novo quadro com muitas medidas previstas apenas para 2024». Na sua opinião, «se os factores de produção não baixarem, se a inflação demorar a baixar e os preços ao produtor não subirem (apesar de subirem muito nos hipermercados ao consumidor), para margens minimamente aceitáveis, e com o nível de apoios do Estado apenas, apenas colado ao que Bruxelas tem para oferecer, o sector e os agricultores vão atravessar tempos extremamente difíceis». Lamentando que «o Governo faz os mínimos que Bruxelas impõe», o dirigente da AJAP diz que «exigia-se muito mais empenho, porque nos últimos anos melhorámos muito a nossa autossuficiência alimentar e as exportações, graças ao espírito de missão e esforço dos agricultores.

Segundo Firmino Cordeiro, «uma percentagem significativa dos portugueses está a retomar hábitos de comprar produtos locais, sem percorrerem grandes distâncias para chegar a suas casas, quase sem intermediários» e as vendas directas e os circuitos curtos de comercialização «têm de ser mais apoiados». «É uma aposta interessante, onde todos ganhamos, a começar pelo ambiente. Além disso, os agricultores praticam preços mais justos e, acima de tudo, os clientes compram produtos mais frescos, de melhor qualidade e a melhor preço.»

Por fim, o director-geral da AJAP sublinha que os portugueses «já perceberam que os seus homens do campo não viram as costas às suas responsabilidades, compromissos e missão (quase não faltaram produtos nos tempos da pandemia de covid-19)» e que «reconhecem a qualidade das nossas produções» – «oferecemos aos nossos turistas vinhos e sabores únicos, numa panóplia de produtos regionais de que todos temos orgulho (queijos, enchidos, azeites, frutos secos, legumes, mel e compotas), únicos, para não falar da sua confecção quando passam pelas cozinhas dos portugueses, da restauração e hotelaria». «Os portugueses representam uma enorme fatia dos nossos clientes, são os nossos melhores aliados e nós tudo fazemos e faremos para os servir cada vez mais e melhor», conclui.

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