Regantes apresentam prioridades para o regadio à presidência portuguesa da UE

A organização europeia de regantes Irrigants d’Europe apresentou ontem, 17 de Fevereiro, à Presidência Portuguesa do Conselho Europeu, aquilo que consideram ser os quatro pilares de actuação prioritários para o futuro do regadio na União Europeia (UE): “Modernização de infraestruturas”; “Agricultura 4.0”; “Ecoesquemas”; “Mitigação das alterações climáticas e reutilização”. Estas prioridades foram apresentadas numa reunião online com Maria do Céu Antunes, Ministra da Agricultura de Portugal e presidente do AgriFish – Conselho de Agricultura e Pescas da UE.

Em comunicado, a entidade destaca algumas das medidas apresentadas: «uso de energias renováveis nos sistemas de regadio; implementação da rega de precisão e tecnologias digitais para aumentar a produtividade da terra e melhorar a qualidade da água; apoio a práticas sustentáveis na governança da água; melhoria dos serviços de ecossistema fornecidos por infraestruturas de hidráulica agrícola; aumento da capacidade de armazenamento de água e de regularização interanual nas bacias hidrográficas; incentivo à reutilização de águas residuais tratadas na agricultura». A Irrigants d’Europe considera que as áreas de actuação referidas são «prioritárias para um regadio sustentável, vital para assegurar a soberania alimentar e atingir a neutralidade carbónica da UE», sublinhando que «as áreas de regadio e de armazenamento de água são um motor de desenvolvimento económico e social dos territórios da UE e são indutoras de biodiversidade, ao contribuírem para um mosaico de usos diferenciados e complementares da água».

Reunião IA_Agrifrish_17 Fevereiro 2021

Esta organização europeia, que reúne 75% da área de regadio na Europa – 7,7 dos 10,2 milhões de hectares de regadio europeu –, também vai apresentar as suas prioridades para o regadio ao Parlamento Europeu, à Comissão Europeia, a organizações europeias de agricultores e da indústria da água – como a Copa-Cogeca, a EIA e a EUWMA –, bem como aos respectivos ministros da Agricultura e aos Parlamentos nacionais. A Presidência Portuguesa do Conselho Europeu, durante a qual serão decididos importantes envelopes financeiros como o do Plano de Recuperação e Resiliência e da Política Agrícola Comum, é, para a Irrigants d’Europe, «uma oportunidade única para afirmar a importância do regadio na produção sustentável de alimentos na Europa e no cumprimento das metas do Pacto Ecológico Europeu».

«A dinamização do regadio, com base em infraestruturas eficientes e em práticas que promovam os serviços de ecossistemas, responde aos desafios de uma Europa resiliente, digital e líder na acção climática», afirma José Núncio, presidente da Irrigants d’Europe e presidente da Federação Nacional de Regantes de Portugal (Fenareg), acrescentando que «os regantes europeus estão totalmente empenhados em ajudar a atingir os objectivos apresentados pela Presidência Portuguesa do Conselho da UE para a Agricultura – desenvolvimento rural, segurança alimentar e inovação – e consideram que um regadio moderno e sustentável e um armazenamento de água resiliente contribuem para alcançar tais metas». Segundo o comunicado, a presidente do AgriFish – Conselho de Agricultura e Pescas da UE disse na reunião que «o regadio é absolutamente determinante» para cumprir as metas da Presidência Portuguesa da UE na área da Agricultura e garantiu que a regulamentação da futura PAC, em discussão, «prevê a continuidade dos apoios ao regadio público colectivo e ao regadio eficiente (ao nível do agricultor), com financiamento a 100% nas estruturas colectivas, para podermos aumentar a ambição em termos da eficiência do uso dos recursos no contexto de um modelo mais focado no desempenho do que na conformidade das políticas».

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A Irrigants d’Europe assinala ainda que, «no contexto das alterações climáticas, o regadio já não é apenas vital para os agricultores dos países do Sul da Europa», pois «os anos de seca consecutiva, entre 2018 e 2020, geraram avultadas perdas nas colheitas agrícolas dos países da Escandinávia, Dinamarca e Alemanha». «Os países do Norte da Europa já não precisam apenas de drenagem, mas também de rega para garantir a água necessária à produção das suas culturas agrícolas e à manutenção da biodiversidade no solo. Devido aos efeitos das alterações climáticas, estamos perante uma perspectiva nova e diferente da gestão da água na UE, que deve ser considerada e apoiada no âmbito da futura Política Agrícola Comum», comentou Adriano Battilani, secretário-geral da Irrigants d’Europe e responsável da associação de regantes ANBI – Associazione Nazionale Consorzi di Gestione e Tutela del Territorio e Acque Irrigue de Itália.

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