Artigo de Margarida Oliveira, sub-directora da Escola Agrária de Santarém
A cultura do olival ocupa actualmente cerca de 380.000 hectares de área cultivada no País, sendo que a região do Alentejo corresponde aproximadamente a 55% da área total nacional de olival. A implementação de medidas de uso eficiente de água são uma realidade no sector agrícola e a vulnerabilidade decorrente dos cenários de alterações climáticas torna este desafio ainda mais ambicioso.
Na região do Alentejo, a cultura do olival consome, em média, cerca de 2.750 m3/ha de água, representando um consumo anual de 575 milhões de m3 de água. Assim, assume-se como relevante o principal objectivo deste projecto, que será a transferência de conhecimento e capacitação dos agricultores para a realização de práticas de rega mais eficientes, com o apoio das tecnologias de monitorização atualmente existentes, perspectivando-se um aumento da eficiência de uso de água entre 20% a 30%.
O projecto “H2Oliva”, liderado pela Escola Agrária de Santarém, foi desenvolvido em co-promoção com a Associação de Agricultores dos Ribatejo, o Agrupamento de Produtores Azeitonices, Terrapro e Casa Relvas , para a promoção e demonstração de práticas de gestão de água da rega, com o apoio das tecnologias de monitorização.
Serão realizadas nove acções de demonstração em três campos experimentais localizados na Vidigueira e em Santarém.
No campo demonstrador, onde se encontram implementadas boas práticas de gestão de rega há vários anos, será possível observar o resultado do uso das tecnologias de monitorização e serviços de aconselhamento existentes.
Para que se alcance mais produtores e para demonstrar a facilidade e praticabilidade de utilização destas tecnologias, para um uso mais eficiente de água, serão envolvidos dois produtores adicionais (trainees), com diferentes graus de utilização e implementação tecnológica.
O acompanhamento das acções de demonstração será realizado por grupos de 15 a 25 agricultores visitantes, associados da Azeitonices e da Associação de Agricultores do Ribatejo, estando igualmente aberta a outros produtores que manifestem interesse.
Este projecto é financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian no âmbito do concurso de apoio à demonstração na gestão da água da rega, que visa a valorização da água no sector agroalimentar.