Decorreu ontem, 22 de Novembro, em Lisboa, a primeira reunião do “Grupo de Acompanhamento e Avaliação das Condições de Abastecimento de Bens nos Sectores Agroalimentar e do Retalho em Virtude das Dinâmicas de Mercado”, entidade criada a 16 de Novembro e coordenada pelos ministros da Economia, das Infraestruturas e da Agricultura. No fim da reunião, o ministro da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, referiu que «não se verificou nenhuma ruptura de stocks, nem se prevê que possa ocorrer nas próximas semanas», acrescentando que «a reunião confirmou que não existe carência de abastecimento ou ruptura de stocks».
Segundo um comunicado do Ministério da Economia e da Transição Digital, o ministro indicou que, com o passar do tempo, se espera uma normalização da situação e que a economia se recomponha, deixando ainda uma mensagem de «tranquilidade» sobre a possibilidade de problemas de abastecimento devido ao aumento de custos de transporte, energia e matérias-primas. Na ocasião, a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, afirmou que o grupo vai «dar continuidade a este trabalho de monitorização» e que é «graças a este trabalho que, hoje, podemos afirmar que o sector agroalimentar tem conseguido dar resposta à procura e às necessidades dos consumidores, garantindo produtos seguros e de qualidade».
A Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (Confagri), que faz parte do grupo e participou na reunião, diz que «neste momento não se perspectivam rupturas no abastecimento agroalimentar, apesar de existirem outras situações emergentes, nomeadamente no que diz respeito à distribuição, uma vez que o sector dos transportes está a ser fortemente condicionado, não só pela falta de mão-de-obra, mas também pelo agravamento do custo dos combustíveis ». A entidade sublinha que «os custos da energia, adubos, pesticidas, mão-de-obra e outros factores de produção estão a esgotar a tesouraria dos agricultores, uma vez que estes não conseguem reflectir nos preços finais os agravamentos de custos com que estão a ser confrontados, o que poderá levar ao abandono da actividade agrícola».
Segundo a Confagri, «na reunião também ficou evidente que, apesar da aprovação das candidaturas à renovação do parque de tractores, não existe oferta destes equipamentos no mercado, devido à ruptura de stocks que se está a generalizar um pouco por toda a Europa». A entidade realça que «esta situação também está a gerar uma onda de insatisfação junto dos agricultores que têm as suas candidaturas aprovadas, mas com limitações de prazos a cumprir», acrescentando que, «numa altura em que não há forma de assegurar o aprovisionamento de novos tractores, seria indispensável aprovar o alargamento dos prazos deste concurso».
O “Grupo de Acompanhamento e Avaliação das Condições de Abastecimento de Bens nos Sectores Agroalimentar e do Retalho em Virtude das Dinâmicas de Mercado”, com reuniões quinzenais, visa «avaliar e acompanhar as condições de abastecimento de bens nos sectores agroalimentar e do retalho cujas dinâmicas de mercado sejam influenciadas pelo contexto global, designadamente ao nível dos stocks de matérias-primas». Esta estrutura vai também «avaliar e acompanhar os níveis de reserva e armazenamento daqueles bens, a execução dos contratos de fornecimento, nacionais e internacionais, daqueles bens, e delinear, a título antecipatório, eventuais oportunidades de intervenção destinadas a manter ou restabelecer as normais condições de abastecimento».
Além dos ministérios referidos e da Confagri, o grupo de trabalho integra representantes da Direcção-Geral das Actividades Económicas (DGAE), da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), do Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral da Agricultura (GPP), da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP); da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), da Associação dos Distribuidores de Produtos Alimentares (ADIPA), da Associação Nacional de Armazenistas, Comerciantes e Importadores de Cereais e Oleaginosas (ACICO), da Associação Nacional das Transportadoras Portuguesas (ANTP), da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) e da Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA). Nesta primeira reunião também participaram o secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor e o Secretário de Estado das Infraestruturas.
[fotografia: João Bica]