É com «extrema apreensão» que a Confagri – Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal antevê o futuro do sector agrícola, considerando que «os preços ao produtor de muitos produtos agrícolas e pecuários estão em decréscimo, pela pressão a que estão sujeitos e pela ditadura da distribuição». Alerta por isso para uma «possível escassez de bens alimentares nacionais» nas prateleiras dos supermercados, consequência do «abandono da produção de muitos produtores» e do já conhecido plano estratégico da PAC que, defendem, «desvaloriza a produção nacional».
Acrescentam ainda que a actividade agropecuária foi fortemente penalizada pelos efeitos da pandemia covid-19, devido ao encerramento do canal Horeca e que com o fim do confinamento, se perspetivava uma recuperação do sector, «o que não está a acontecer».
A conjuntura agrava-se em resultado dos aumentos sucessivos dos preços dos factores de produção, seja o gasóleo, as rações ou os adubos/fertilizantes/fitofármacos.
«A actual situação é desesperante, depois de em 2020 ter ocorrido um decréscimo do valor acrescentado bruto (VAB), do sector agrícola, (-8%), o agravamento dos custos intermédios vai continuar a ditar reduções no rendimento desta actividade e a viabilidade de alguns negócios, pelo que se teme a falência de alguns produtores, caso não haja uma resposta à altura por parte das políticas públicas, até agora claramente insuficientes para reestruturar e alavancar negócios locais».
Ministra da Agricultura encerra debate do Conselho Geral da Confagri
A fim de tentar encontrar soluções que respondam às dificuldades e desafios deste sector, a Confagri vai reunir o seu Conselho Geral, na presença da ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, no próximo dia 3 de Novembro, no Hotel dos Templários, em Tomar, para discutir e debater as propostas do Plano Estratégico da PAC (PEPAC) 2023-2027, aquele que se afigura como sendo o «balão de oxigénio para manter vivo o mundo rural».
Às 14h30 haverá lugar para uma mesa redonda, aberta à comunicação social, subordinada ao tema “A Proposta de PEPAC responde às necessidades e desafios do sector agrícola e florestal nacional?”, que contará com a participação de Arlindo Cunha, ex-ministro da Agricultura, Miguel Freitas, ex-secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, e Eduardo Diniz, director geral do GPP (Gabinete de Planeamento), e encerramento pela ministra da Agricultura.
A organização entende que esta é a oportunidade para reforçar e fortalecer este sector, para contrariar o abandono da actividade e prevenir o abandono dos territórios, um sector que gera riqueza (representa 3,9% do VA Bruto), que cria emprego e que produz alimentos para sustentar o País. «Mas para que isso seja exequível, é urgente que haja um envolvimento e um compromisso de cooperação a nível político que aliviem as sobrecargas ao nível dos custos de produção bem como a carga tributária», concluem.