A Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA) emitiu um alerta sobre a «fragilidade» da «implementação prática» do Acordo de Comércio e Cooperação entre a União Europeia (UE) e o Reino Unido e os reflexos desta na operação da cadeia agroalimentar. Apesar de aplaudir a aplicação deste acordo, obtido «depois de sucessivos atrasos nas negociação», a federação «defende que é essencial que as autoridades da UE e do Reino Unido ajam agora de forma célere para que, já nesta primeira fase, seja garantida a circulação de bens nas fronteiras e não se verifiquem bloqueios».
Neste âmbito, a FIPA defende que «a Comissão Europeia active protocolos de gestão de crises, devendo incluir comunicações directas com os operadores da cadeia agroalimentar, para identificar e resolver questões fronteiriças que possam surgir nos próximos meses», sublinhando que «um dos casos que pode ser tomado como positivo é o exemplo das green lanes aplicadas em plena pandemia de covid-19». A federação, «em linha com as necessidades apontadas igualmente pela confederação europeia FoodDrinkEurope», considera ainda que «se exigem esforços máximos de interacção entre as autoridades nacionais e o Reino Unido, para que possam ser implementadas e cumpridas as novas medidas não só aduaneiras, mas também sanitárias e fitossanitárias como, por exemplo, as diferentes regras de rotulagem de produtos alimentares».
«Este acordo é, de modo geral e teoricamente, positivo, uma vez que vem impedir a aplicação de tarifas excessivas nas transacções do sector agroalimentar», afirma Pedro Queiroz, director geral da FIPA. «No entanto, receamos que as dúvidas que surgirão da sua aplicação possam ser um entrave na evolução do sector. É essencial a máxima atenção do Governo português neste processo, sobretudo quando o sector tem vindo a ter nas exportações uma âncora nestes últimos meses.»
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística analisados pela FIPA, o mercado do Reino Unido representou para Portugal, em 2019, cerca 274 milhões de euros em exportações de alimentos e bebidas e perto de 160 milhões de euros em importações.