Os agricultores apelam aos governantes e responsáveis pelo grupo de trabalho “Água que Une” que sejam tomadas medidas concretas, seja elaborado um calendário de obra/investimentos e orçamento para o mesmo.
Esta foi uma das mensagens transmitidas durante o debate sobre água e regadio em Portugal, que teve lugar na Sociedade de Geografia de Lisboa, que acolheu a Conferência “Alterações Climáticas: Que desafios se nos coloca nas próximas décadas?”, organizada pelo Centro Nacional de Competências para as Alterações Climáticas do Sector Agroflorestal (CNCACSA).
O evento, que reuniu mais de 300 participantes, contou com a presença de especialistas e representantes de diversos sectores que abordaram as questões críticas da adaptação climática, os desafios económicos e o futuro da gestão de recursos hídricos.
Gonçalo Santos Andrade, vice-presidente da CAP, afirmou que «a CAP tem defendido sempre uma rede nacional da água. Embora seja importante fazer estudos, planos e projectos, já estamos há muito tempo nesta fase. Precisamos de obras de modernização ao nível de reservas de água e novas obras».
O ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, marcou presença no evento onde reiterou o seu apoio ao sector agroflorestal, mostrando-se disponível para resolver alguns dos entraves ao desenvolvimento desta actividade.
Relembrou que até ao final do ano, o grupo de trabalho Água que Une apresentará o seu relatório que será uma base de trabalho para o seu Ministério. «Trata-se de um plano multissectorial que visa assegurar a disponibilidade de água para todos os usos essenciais e promover a sustentabilidade ambiental e social».
José Manuel Fernandes disse ainda que «em Janeiro será feito um cronograma para estes investimentos» que serão financiados por programas no âmbito da Política Agrícola Comum, mas também pelo Banco Europeu de Investimento e outros instrumentos financeiros.
O plano Água que Une «vai viabilizar novos investimentos e proteger infraestruturas que já existem», sem descurar a dimensão ambiental porque «queremos que sejam assegurados os caudais ecológicos dos rios».
O governante disse ainda querer contribuir para desbloquear algumas questões que impedem o sector de se tornar mais competitivo. «Sou defensor da investigação, das novas técnicas genómicas, por exemplo, e do uso de drones para aplicação de fitofármacos e não se compreende a falta de legislação europeia neste sentido».
Jorge Neves, presidente da Anpromis, uma das entidades que preside ao CNCACSA, destacou o impacto que os Centros de Competência têm no sector agrícola nacional, ao promoverem a colaboração entre instituições de investigação e ensino, autarquias e os agricultores.
«Desde a sua criação, em 2019, o Centro Nacional de Competências para as Alterações Climáticas do Sector Agroflorestal conseguiu reunir mais de 70 entidades nacionais, formando o maior consórcio em Portugal focado nas alterações climáticas», afirmou.
Para o mesmo responsável, esta conferência é uma prova da importância e da dinâmica desta entidade e da temática a que se dedica, visando assegurar a transferência de conhecimento vital entre a investigação científica e o sector agrícola nacional.
O CNCASA, em colaboração com mais de 70 entidades, reafirmou o seu compromisso em liderar a discussão e fomentar soluções práticas para os desafios climáticos que impactam o sector agroflorestal e a sociedade portuguesa.
Este evento, que assinalou também o Dia Internacional Contra as Alterações Climáticas, reforçou o papel fundamental da investigação e da inovação no sector agrícola e florestal para mitigar os impactos das alterações climáticas e garantir a sustentabilidade futura do país.
Foto: Jorge Oliveira