A Veracruz está a usar em duas das suas explorações, a Herdade do Carvalhal e a Herdade do Vale Serrano, um sistema de recolha e tratamento de imagens aéreas, que pretende aplicar também nas restantes propriedades do grupo luso-brasileiro, todas situadas no distrito de Castelo Branco. Esta utilização resulta de uma parceria que a empresa de produção de amêndoas firmou em 2021 com a Aerobotics, empresa criada na África do Sul que opera na captação e processamento de imagens aéreas, com foco na agricultura, com recurso à inteligência artificial, através de algoritmos de aprendizagem automática.
Segundo a Veracruz, «esta ferramenta inteligente permite ao produtor aceder a diversos indicadores que lhe garantem uma visão totalmente abrangente sobre o seu produto, com ganhos de eficiência e gestão associados e impossíveis de obter apenas com recurso aos meios usados na agricultura tradicional», uma vez que «a informação crítica e detalhada permite agilizar todo o processo de reacção e decisão por parte do produtor». «Os indicadores utilizados permitem medir uma série de parâmetros de modo individual e também compará-los entre si em diferentes épocas do ano. É mais uma ferramenta indispensável, com o objectivo de trazer uma visão muito mais detalhada do que é a realidade do nosso cultivo», refere Alexandre Sousa, director da Veratech.
De acordo com Alexandre Sousa, «este sistema permite, por exemplo, automaticamente detectar quais são as árvores que estão plantadas e contar e comparar as que estão vivas e as que morreram, mas também detalhes das copas das árvores, impercetíveis de outro modo, garantindo, por um lado, ganhos de eficiência, e, por outro, redução de potenciais custos e catástrofes associadas». Criada em 2020, a Veratech é o «braço tecnológico do grupo», possui uma equipa própria, constituída por piloto de drone, cientista de dados e desenvolvedor de software, e «garante a adopção e aplicação diária de todas as ferramentas de smart farming, incluindo um sistema de blockchain e análises com recurso a inteligência artificial e machine learning, aplicadas aos dados em tempo real», explica um comunicado da Veracruz.
O comunicado indica que, em 2022, está previsto serem realizados 16 voos, com início em Abril, os quais «irão permitir recolher informações e efectuar relatórios detalhados, com um nível de precisão sobre a saúde do sector que, paralelamente, contribuirá para incrementar ainda mais a produtividade e dar resposta rápida e eficiente na resolução de problemas». Também é mencionado que, «nos próximos cinco anos, a Veracruz prevê investir mais de seis milhões de euros em tecnologia, o que permitirá utilizar os recursos de forma eficaz, reduzindo drasticamente o desperdício», sendo sublinhado ainda que o detalhe da informação que se obtém com a agricultura de precisão permite aumentar a eficácia da produção e reduzir «o impacto de todas as variantes não controláveis, como a escassez de água, as pragas ou as doenças, diminuindo assim potenciais custos».
«A fileira da amêndoa em Portugal tem crescido e ganhado cada vez mais relevância e a Aerobotics trabalha com imagens aéreas de alta resolução e processa-as com recurso à inteligência artificial através de algoritmos de aprendizagem automática, que vamos treinando e que queremos ir alargando e melhorando», comenta o responsável de parcerias globais da Aerobotics. Bernardo Costa acrescenta que «a agricultura de precisão é relativamente recente e está a fazer caminho nas culturas perenes – amendoal, vinha, citrinos, por exemplo» – e que «para ter uma agricultura de precisão é fundamental apostar em tecnologia, até porque os custos de produção estão cada vez mais altos e a mão-de-obra mais escassa», o que sustenta a convicção da empresa de que «o produtor tem necessariamente de se tornar mais eficiente».
Actualmente, a Veracruz conta com uma área de 1.300 hectares, divididos em cinco propriedades, situadas nos concelhos do Fundão e Idanha-a-Nova: Carvalhal, Vale Serrano, Rochoso, Presa e Joanafaz. O projecto do grupo luso-brasileiro Veracruz envolve um investimento de 50 milhões de euros, com a primeira fase a implicar um investimento de 26,3 milhões de euros.