A empresa de produção de amêndoa Veracruz assinou no ano passado um protocolo de colaboração com a Syngenta, empresa fornecedora de soluções para culturas agrícolas, no âmbito do qual foram instaladas margens multifuncionais Operation Pollinator, da Syngenta, nos amendoais da Veracruz, situados na Beira Baixa. A par da instalação, o protocolo envolve ainda a «avaliação do efeito destes prados floridos na atracção de insectos polinizadores e da sua influência na produção da amêndoa e na biodiversidade dos pomares», sendo a Universidade de Coimbra a entidade responsável pela avaliação científica do projecto.
Um comunicado conjunto das duas empresas explica que as margens multifuncionais foram instaladas nos pomares da Veracruz, localizados em Idanha-a-Nova e no Fundão, em Outubro de 2021 e que o seu impacto é monitorizado pelo Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra, através do FLOWer Lab. «Os investigadores procedem à identificação e contagem dos grupos de insectos polinizadores, antes e durante a floração da margem, a diferentes distâncias dentro da cultura, com o objectivo de avaliar o impacto e a magnitude destes prados floridos na comunidade de polinizadores e os serviços que estes prestam ao amendoal», refere o comunicado.
É sublinhado que, embora a Veracruz utilize variedades de amêndoa autoférteis, «que em teoria não precisam de insectos para polinização, a empresa acredita que a atracção de polinizadores pode ser benéfica para a produção da amêndoa». O conceito do programa Operation Pollinator – criado pela Syngenta há mais de uma década – consiste em semear, ao longo dos pomares, «margens com espécies de plantas floridas (coentros, colza, sanfeno, trevos, ervilhaca ou tremocilha, entre outras) que servem de abrigo e alimento para os insectos benéficos», os quais «prestam serviços ao agricultor, tais como a polinização das culturas e o combate a pragas», sendo a meta deste programa «melhorar a polinização das culturas» e «aumentar a biodiversidade dos campos agrícolas».
«Um dos nossos pilares é apoiar a produção de conhecimento científico que nos ajude a reforçar a eficiência produtiva, a sustentabilidade e a qualidade das nossas amêndoas» indica Gustavo Ramos, director-geral da Veracruz. «Com o programa Operation Pollinator, queremos compreender melhor a forma como a diversificação do enrelvamento dos amendoais pode atrair polinizadores para as nossas plantações e avaliar a real importância destes insectos para a cultura da amêndoa.»
Gustavo Ramos afirma também que «temos como meta partilhar o conhecimento e as boas práticas com outros produtores da fileira», porque «sem produção de conhecimento não há evolução», acrescentando que «acreditamos que parcerias como esta, com a Syngenta e a Universidade de Coimbra, são fundamentais para uma agricultura de futuro». Sílvia Castro, investigadora do FLOWer Lab, que estuda a polinização e o seu papel na promoção da sustentabilidade e resiliência dos ecossistemas agrícolas, comenta que «as margens funcionais, como as desenvolvidas no programa Operation Pollinator, constituem uma prática local que promove a biodiversidade e, por isso, pode ser uma acção de conservação, ao mesmo tempo que promove comunidades funcionais prestadoras de serviços aos sistemas agrícolas adjacentes».