Já está em curso o VeraTech, projecto de base tecnológica que junta o Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) e a empresa de produção de amêndoa Veracruz. Esta iniciativa conta com um investimento de cerca de 530.000 euros, tem o apoio do Portugal 2020 e visa «desenvolver um sistema de sensorização para explorações de amendoal e desenvolver um conjunto de indicadores de desempenho relevantes e impactantes na actividade agrícola, que promovem aumentos de produtividade graças à correcta racionalização de recursos», explica um comunicado da Veracruz.
O projecto vai funcionar com base na tecnologia de comunicação LoRa, disponibilizada de forma gratuita e universal em todo o concelho pela Câmara Municipal do Fundão e que «permite a comunicação entre dispositivos em longas distâncias». De acordo com o comunicado, a Veracruz é a primeira entidade no Fundão a usufruir da tecnologia LoRa e o projecto VeraTech implica a instalação de uma rede de sensores nas herdades da empresa.
Na Herdade do Carvalhal, propriedade da Veracruz, no Fundão, já foi instalada «uma rede de sensores que irão medir, em tempo real, centenas de indicadores de produção», refere o comunicado. «Com base na rede de sensores, pretende-se construir dashboards com os indicadores gerados em tempo real e também dados históricos. Esta tecnologia permite analisar ocorrências não-previstas e alimentar o sistema de planeamento agrícola, ajudando a Veracruz a gerir de forma mais eficaz a produção com base na informação disponibilizada», indica.
«O nosso foco diário é gerir de forma criteriosa todos os recursos para produzir as nossas amêndoas», afirma David Carvalho, co-fundador do grupo luso-brasileiro Veracruz. «Somos uma empresa de smart farming e apostamos em parcerias como estas para atingir este objectivo. A tecnologia é uma ferramenta fundamental na Veracruz e, com este projecto, teremos ferramentas que medem em tempo real indicadores como a temperatura, luminosidade, pressão atmosférica, por exemplo, e nos permitem obter análises concretas sobre a evolução da produção. Com mais dados, tomamos melhores decisões, poupamos recursos e produzimos de forma mais sustentável.»
O VeraTech envolve seis docentes e investigadores da Unidade de Investigação e Desenvolvimento (UID) em Serviços, Aplicações e Conteúdos Digitais (Digital Services, Applications and Content – DiSAC) do IPCB – Ângela Oliveira, Fernando Ribeiro, Filipe Fidalgo, José Metrôlho, Osvaldo Santos e Rogério Dionísio –, e um investigador da Escola Superior Agrária do IPCB – Paulo Fernandez. O comunicado assinala que, para Rogério Dionísio e Fernando Reinaldo Ribeiro, esta iniciativa «é mais um exemplo de que a colaboração entre as instituições de ensino superior e as empresas da região permite um trabalho em conjunto, promovendo projectos inovadores e de qualidade, melhorando não só a competitividade das empresas como também a utilização dos recursos de forma mais eficiente», acrescentando ainda que «esta parceria representa mais uma oportunidade para promover a transferência de tecnologia».
Segundo o comunicado, em Outubro de 2020, durante a colheita dos primeiros frutos, o município do Fundão e a Veracruz assinaram um protocolo no âmbito da implementação e desenvolvimento do Centro de IoT Agrotech, uma estrutura de apoio e promoção da inovação e empreendedorismo promovida pelo município do Fundão, que «tem como objectivos alavancar a integração de soluções de IoT [Internet of Things] na economia, sobretudo nas actividades de base rural». Esse protocolo abrange outras missões: «captar novos empreendedores e investidores, reforçar a ligação às universidades e politécnicos, reforçar as condições para acolhimento de equipas de desenvolvimento de produtos e soluções com base em processos tecnológicos, consolidar um ecossistema de desenvolvimento e validação de tecnologia IoT, desbloquear constrangimentos de natureza financeira para o desenvolvimento de iniciativas empresariais alicerçadas em novas tecnologias, divulgar as melhores práticas no desenvolvimento e aplicação de IoT em negócios de base rural e, finalmente, criar e dinamizar uma rede de networking alargada».
No distrito de Castelo Branco, o grupo luso-brasileiro Veracruz tem em curso um investimento de 50 milhões de euros «assente em smart farming e tecnologia de ponta», com a primeira fase deste a implicar um investimento de 26,3 M€. A empresa pretende exportar mais de 70% da produção de amêndoa.
