Está em curso desde Fevereiro do corrente ano o projecto europeu “FaRMeR – Gestão do risco das explorações para aumentar a resiliência”, que envolve parceiros de quatro países: Portugal, Grécia, Chipre e Sérvia. Desenvolvido no âmbito do programa europeu Erasmus+, este projecto de dois anos pretende desenvolver ferramentas e estratégias, nomeadamente de formação, direccionadas para a gestão de risco no sector agrícola e para aumentar a resiliência deste.
Uma das vertentes da iniciativa será o desenvolvimento de uma «Metodologia de Gestão de Risco e Resiliência, para avaliar e gerir os riscos agrícolas, tendo em conta o contexto especial dos países da União Europeia, e especialmente nas zonas rurais e remotas». Segundo os promotores, esta metodologia «aborda a teoria de base e fornece um processo de implementação para que qualquer agricultor possa implementar a gestão de riscos nos seus negócios».
Outra vertente consiste no desenvolvimento de um curso FaRMeR, «com um currículo de formação dividido em módulos de aprendizagem individuais (Identificação de Ameaças, Estratégia de Gestão de Riscos e Política de Gestão de Riscos), abrangendo todo o espectro de conhecimentos e competências sobre Gestão de Riscos em operações e gestão agrícola, bem como a utilização de ferramentas digitais para controlar e, em última análise, mitigar os riscos». Este curso estará disponível em várias línguas, através da plataforma online do projecto FaRMeR – que também vai ser criada e que vai abranger todos os resultados e conteúdos de formação desta iniciativa –, e deverá ser de acesso livre e gratuito.
Entre 10 parceiros, de entidades de investigação a empresas, a representante de Portugal é a Consulai, que será responsável pelo desenvolvimento da “Ferramenta de Avaliação da Resiliência” – em concreto, «irá supervisionar a criação de um questionário, disponível online, onde os agricultores podem avaliar o seu nível de conhecimento e gestão de risco», funcionando como uma ferramenta de autoavaliação de risco – e «será também o intermediário entre o projecto e os agricultores portugueses». A consultora vai ser igualmente «responsável pelo desenvolvimento da estratégia e planeamento das actividades de partilha, promoção e uso, e pela articulação com parceiros, para assegurar que o projecto tenha o maior impacto possível para as partes interessadas e grupos-alvo do projecto».
O FaRMeR vai durar até Fevereiro de 2024 e, durante o estudo piloto, três explorações agrícolas – de Portugal, Chipre e Sérvia – «vão aplicar a Metodologia de Resiliência às empresas agrícolas». Os promotores indicam que «aproximadamente 80 agricultores vão beneficiar directamente de testar a implementação da Metodologia de Resiliência FaRMeR», estimam que «25 consultores agrícolas vão beneficiar dos resultados do projecto» e garantem que vai ser «promovido e adaptado a quatro países europeus».
De acordo com os promotores, «os agricultores de toda a Europa lidam com os riscos e tomam decisões todos os dias que afectam as suas operações agrícolas», sendo que «estão expostos a ameaças e incertezas e, como resultado, não podem, em vários casos, compreendê-las, avaliá-las e geri-las eficazmente». É ainda sublinhado que «o sector agroalimentar é um dos maiores sectores económicos da União Europeia, com aproximadamente 12 milhões de agricultores empregados e cerca de metade do território terrestre da União Europeia dedicado à agricultura».
