Centro de Competências para as Alterações Climáticas criado em Elvas

Foi formalmente constituído a 11 de Setembro, em Elvas, o Centro Nacional de Competências para as Alterações Climáticas do Sector Agroflorestal (Cncacsa), com a assinatura do protocolo de constituição e funcionamento por parte de 53 entidades, representativas de todo o sector agroflorestal nacional. Nos próximos meses, irá ser definido um Plano de Acção para o Cncacsa, visando «adaptar a agricultura e as florestas às alterações climáticas e mitigar os seus efeitos», refere uma nota de imprensa da Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo (Anpromis), uma das entidades envolvidas na criação do centro, juntamente com a Associação Nacional de Produtores de Cereais (Anpoc), a Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense (Advid), a Federação Nacional de Regantes de Portugal (Fenareg), a Federação Nacional das Organizações de Produtores de Frutas e Hortícolas (FNOP) e a União da Floresta Mediterrânica (UNAC).

Na ocasião, o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, que também assinou o protocolo de constituição do Cncacsa, destacou a importância de tantas entidades se unirem na procura de soluções para o problema das alterações climáticas e defendeu que «o investimento no regadio e no uso eficiente da água cria condições para que a agricultura seja competitiva e sustentável». Por sua vez, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, afirmou que esta entidade «é uma resposta clara de Portugal ao apelo da OCDE para a implementação de um processo de inovação institucional, com novos arranjos colaborativos entre entidades públicas e privadas, para um verdadeiro compromisso entre as questões económicas e ambientais».

Constitutição CC Alterações Climáticas (2)a

 

No colóquio “Alterações climáticas: Que desafios para o sector agroflorestal nacional?”, que antecedeu a cerimónia de constituição, Jorge Neves, presidente da Anpromis, realçou que «a gestão da água é a questão mais sensível; não pode haver produção de milho sem água», enquanto José Palha, presidente da ANPOC, considerou ser indispensável a prática do “sequeiro melhorado” nos cereais de Outono-Inverno, «a cultura mais afectada pelos fenómenos climáticos extremos». Para José Manso, da ADVID, o Cncacsa «é importante para estudar os cenários climáticos e para nos preparamos para o futuro, pois é a viabilidade do País – actividade económica e ocupação do território – que está em causa».

Segundo Emanuel Dutra, investigador da Universidade de Lisboa e especialista em Climatologia, Portugal encontra-se entre as zonas europeias com maior vulnerabilidade aos impactes das alterações climáticas, prevendo-se nas próximas décadas a amplificação dos extremos de temperatura, secas mais frequentes e prolongadas, redução da precipitação na Primavera, Verão e Outono e aumento dos fenómenos de precipitação extrema. Sendo a agricultura e as florestas das actividades económicas mais expostas à variação do clima, foi ainda indicado pelas associações de agricultores presentes que os seus efeitos negativos já são visíveis: quebras na produção de cereais por ausência de precipitação, perdas consideráveis na vindima provocadas por temperaturas acima dos 40 ºC, etc. 

Constitutição CC Alterações Climáticas (1)

Neste contexto, o Cncacsa tem «como missão a Inovação, o Desenvolvimento e a Investigação (I&D&I) para identificar a descrição dos cenários climáticos no País, avaliar capacidade de resposta e vulnerabilidade e desenvolver e avaliar medidas de mitigação e adaptação perante a necessidade de garantir a sustentabilidade da agricultura e floresta portuguesa, nas vertentes produtivas, ambientais e sociais». Isto será feito «potenciando o seu contributo para o objectivo de neutralidade carbónica a atingir pelo País até 2050, num contexto de uma transição justa e coesa, que valorize o território, crie riqueza, promova o emprego e contribua para elevar os padrões de qualidade de vida em Portugal». Esta entidade também visa «a disseminação de informação sobre as medidas de mitigação e adaptação desenvolvidas e avaliadas, para que as mesmas cheguem mais facilmente a todos os agentes do sector agroflorestal». Pode consultar aqui a lista de signatários do protocolo.

Facebook
Twitter
Pinterest
LinkedIn
Email

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Notícias Recentes

1
Publicada resolução que estabelece os planos de gestão das regiões hidrográficas
3a
Carmo & Silvério em destaque no 17.º episódio d’“A palavra aos frescos”
MultispecCam_tractor
Conferência em Leiria a 10 de Abril sobre tecnologias e inovação no sector agroalimentar

Notícias relacionadas

1
Publicada resolução que estabelece os planos de gestão das regiões hidrográficas
Foi publicada hoje, 3 de Abril, em Diário da República a Resolução do Conselho...
3a
Carmo & Silvério em destaque no 17.º episódio d’“A palavra aos frescos”
Com sede em A-dos-Cunhados, Torres Vedras, a Carmo & Silvério é a organização...
MultispecCam_tractor
Conferência em Leiria a 10 de Abril sobre tecnologias e inovação no sector agroalimentar
“Tecnologia e inovação no sector agroalimentar” é o tema de uma conferência...
corn-65304_1280
Campanha do milho 2024 analisada por meia centena de agricultores
No passado dia 27 de Março, a Inês Silva – Agropecuária reuniu cerca de...