UTAD coloca no mercado clone de castanheiro «imune» à “doença da tinta”

ColUTAD é um novo clone de castanheiro «imune» à “Doença da Tinta”, desenvolvido por um grupo de investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), que vai ser disponibilizado no mercado. O ColUTAD é um castanheiro híbrido, resultante do cruzamento entre o castanheiro europeu (Castanea sativa) e o castanheiro japonês (Castanea crenata).

A 13 de Abril, a UTAD vai assinar um protocolo de transferência da gestão dos direitos comerciais deste clone para a a Serviruri – Prestação de Serviços Técnicos Agrícolas. Esta empresa do sector viveirista «tratará da sua multiplicação e comercialização», sendo que, «por cada planta vendida, a UTAD receberá uma percentagem financeira, que irá reverter para o aprofundamento do estudo do ColUTAD e obtenção de mais porta-enxertos resistentes».

Um grupo de investigadores desta universidade tem vindo a efectuar trabalho científico sobre esta matéria desde a década de 1980, sendo que agora «conseguiu os resultados positivos necessários para colocar, finalmente, nos circuitos comerciais, um clone de castanheiro imune à famigerada “Doença da Tinta”», refere um comunicado da Universidade. Este clone funciona como porta-enxerto e foi «recentemente testado, com a colaboração de dezenas de agricultores, confirmando-se que o mesmo é resistente à doença».

«A UTAD encontrou assim o antídoto contra a doença para ser usado nas novas plantações de castanheiros e, tal como uma pessoa vacinada contra uma doença lhe fica imune, assim acontece com os soutos que recebem estes porta-enxertos», esclarece José Gomes Laranjo, um dos rostos actuais deste trabalho na UTAD. O investigador e docente do Departamento de Biologia e Ambiente da Universidade explica que, depois de plantados, os porta-enxertos funcionam como «barreira à progressão da doença» e mesmo que a plantação «seja feita em terrenos já invadidos por ela, está provado que o novo castanheiro não morre».

Segundo a UTAD, a “Doença da Tinta” «foi responsável pela destruição, nos últimos 20 anos, de perto de um milhão de castanheiros em Portugal». «As alterações climáticas, que têm provocado cada vez mais no período de Verão um excesso de calor e secura das terras, foram determinantes para o agravamento dos efeitos da doença, afectando cerca de 8.000 hectares de soutos.»

 

Actualização (17-4-2018)

O ColUTAD funciona como porta-enxertos para outras variedades de castanheiro, mas «também pode servir como produtor directo». José Gomes Laranjo assinala que o ColUTAD apresenta um «enorme interesse enquanto produtor directo»: tem precocidade e produz castanhas de calibre médio, com qualidade organoléptica e de fácil descasque.

O docente da UTAD indica que este clone já está disponível, nomeadamente na Serviruri, e que já foram vendidas as primeiras plantas. Com a assinatura do protocolo de transferência da gestão dos direitos comerciais, esta empresa será a entidade que vai gerir a multiplicação e comercialização deste clone, mas «outras empresas poderão comercializar e propagar o ColUTAD».

A multiplicação deste clone é feita por propagação vegetativa (estacaria), sendo a maioria do seu material genético composta por genes do castanheiro europeu. O ColUTAD não permite a propagação da Phytophthora cinnamomi, fungo causador da “Doença da Tinta”, que se encontra no solo.

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