ProDuva mostra primeiros resultados

No âmbito da medida 4.1 do Proder, “Cooperação para a Inovação”, uma equipa de técnicos está a desenvolver o projecto ProdUva – Efeito do sombreamento no vingamento e qualidade final em uva de mesa sem grainha.  

O projecto ProdUva visa desenvolver uma prática optimizada para obter uva de mesa sem semente que possa ser directamente transferida para os produtores e está a ser executado por uma equipa de técnicos do Instituto Superior de Agronomia (ISA), Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT) e Herdade Vale da Rosa. Os técnicos Sara Domingos, Luís Goulão e Joaquim Praxedes apresentaram o projecto numa sessão organizada pelo Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional (COTHN), no Auditório da Biblioteca Municipal de Alenquer, a 16 de Janeiro.

Embora haja poucos produtores nacionais no mercado específico de uva de mesa apirénica (sem sementes), este grupo de trabalho entendeu ser uma actividade com elevado potencial de desenvolvimento. Assim, «quisemos iniciar um processo de investigação, de experimentação, de desenvolvimento e de transferências de novas tecnologias, para aumentar o interesse e a competitividade da fileira da uva de mesa sem semente no nosso país», explicou Luís Goulão, do IICT.

A monda dos bagos permite maximizar a produção para o mercado em fresco, reduzindo a incidência de doenças, aumentando o calibre do bago e melhorando também a sua composição (açúcar e acumulação de pigmentos). O projecto que decorre há dois anos visa perceber o efeito do ensombramento no vingamento e na qualidade final da uva de mesa sem sementes. Em concreto, pretendeu mostrar que sem um processo (manual, químico ou por ensombramento) de monda de flores e bagos, não é possível produzir uva sem grainha.

A técnica de monda de bagos por ensombramento consiste na cobertura das videiras com uma rede capaz de interceptar parte ou toda a radiação, durante um período específico. Foram também estudados dois momentos de colocação da sombra, a 50 e a 100% de floração (plena floração). Os resultados são explicados principalmente através do défice de carbono nas plantas ensombradas, devido à redução da produção de fotoassimilados, que favorece a queda dos frutos.

Cada vez mais os consumidores exigem qualidade, um produto diferenciado e estão dispostos a pagar por ele. Muitas vezes, a produção nacional não corresponde às exigências do consumidor. Assim, este projecto visa adaptar a oferta a um perfil de consumidor mais exigente e que procura um produto com boa apresentação, com qualidade – no caso da uva, «o facto de não ter grainha é uma característica de qualidade muito apreciada e muito requisitada», afirmou Luís Goulão.

Os ensaios para o ProdUva decorreram na Herdade Vale da Rosa, em Ferreira do Alentejo, e incidiram em três tipos de cultivares de uva de mesa apirénica: Sugraone, Thompson Seedless e Crimson Seedless. O estudo provou que essas variedades tiveram diferentes respostas à redução da radiação luminosa. A Thompson Seedless mostrou ser muito sensível à redução da radiação incidente, com uma redução no vingamento dos bagos em todos os tratamentos com sombra e um aumento significativo da qualidade à colheita (cachos menos compactos e bagos com maior calibre, maior teor de polifenois e mais firmes). Nas cultivares Sugraone e Crimson Seedless a maioria dos tratamentos com sombra reduziu o peso e os diâmetros dos bagos.

Em 2014, o último ano do ProdUva, deverá ser feita a análise da viabilidade económica desta técnica (tendo em conta o preço da rede de sombra e o custo em mão-de-obra da sua colocação e remoção) e a comparação destes custos com os da técnica actualmente disponível – a monda manual de bagos. Segundo Joaquim Praxedes, técnico na Herdade Vale da Rosa, «actualmente, os custo da mão-de-obra são muito elevados: representam cerca de 60% dos nossos custos, dos quais 25% são relativos à monda manual de bagos».

 

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