No âmbito do Dia Internacional da Biodiversidade, que se celebra hoje, 22 de Maio, a Syngenta divulgou alguns dados da experiência do Grupo Ortigão Costa com o seu programa internacional Operation Pollinator. Este programa da Syngenta consiste na instalação de margens multifuncionais em parcelas agrícolas, com o objectivo de atrair insectos polinizadores e outra fauna auxiliar benéfica para a agricultura, de forma a inverter a perda da biodiversidade e o declínio dos polinizadores nos campos agrícolas.
Na sequência do protocolo assinado entre as duas entidades, o Grupo Ortigão Costa instalou, em Dezembro de 2019, margens multifuncionais em campos demonstrativos de tomate para indústria – o grupo é responsável pelo cultivo anual de cerca de 1.500 hectares desta cultura –, localizados na lezíria de Vila Franca de Xira. Em Fevereiro, foram instaladas margens multifuncionais nas culturas de amêndoa e nogueira – a área de investimento mais recente do grupo, que envolve 800 hectares em São Manços (Évora) e Veiros (Estremoz) –, visando «monitorizar a evolução da entomofauna local (polinizadores e insectos auxiliares)».
Sobre os campos de Vila Franca de Xira, Patrícia Cotrim [na imagem], directora do AG-Innov – Centro de Excelência Agrícola, criado pela Sogepoc, empresa do Grupo Ortigão Costa, para melhorar a competitividade e rentabilidade da cultura do tomate indústria, refere que «é notória a presença de diversas espécies de insectos auxiliares que não é habitual vermos nesta zona». «Está a cumprir plenamente o objectivo de estímulo da biodiversidade e estamos muito expectantes para ver o impacto que poderá vir a ter na cultura do tomate», diz Patrícia Cotrim, acrescentando que «a manutenção da biodiversidade na nossa agricultura é cada vez mais importante para produzir de forma ambiental e economicamente sustentável e o nosso grupo tem a responsabilidade de dar o exemplo, uma vez que é um importante player no sector».
«Nas primeiras observações realizadas na margem da Sogepoc encontrámos uma grande diversidade de insectos, tais como diferentes borboletas (e.g. Pieris), a abelha do mel (Apis mellifera), abelhões (Bombus spp) e outras abelhas solitárias (e.g. Lasioglossum spp) que têm uma grande importância no tópico da polinização», indica o entomólogo Ricardo Costa, investigador na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) – a identificação e estudo das espécies de insectos nas margens Operation Pollinator em Portugal está a cargo do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Climáticas da FCUL. «As margens multifuncionais são importantes pela sua diversidade florística, porque possuem recursos como pólen e néctar, fontes de alimento para inúmeros grupos de insectos. Além disso, a cobertura vegetal serve de abrigo às fases imaturas (larvas) e às fases adultas de muitos insectos, resguardando-os do vento e da chuva», explica.
As margens Operation Pollinator são semeadas com uma mistura de sementes de espécies de plantas floridas, proporcionando alimento e refúgio aos polinizadores. A Syngenta sublinha que «mais de 75% das culturas agrícolas utilizadas na alimentação dependem total ou parcialmente da polinização por insectos» e que «a gestão dos habitats através do Operation Pollinator é uma prática agrícola sustentável com múltiplos benefícios ambientais, económicos e sociais para todos os elos da cadeia de valor do sector agroalimentar».