No Conselho Geral da Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (Confagri), que teve lugar a 3 de Novembro, em Tomar, a generalidade dos presentes defendeu que «as propostas apresentadas no PEPAC [Plano Estratégico da PAC (PEPAC) 2023-2027] não permitem promover uma gestão activa de todo o território, porque não promovem o desenvolvimento de uma actividade agrícola e florestal viável». De acordo com a Confagri, «apenas com investimentos na exploração agrícola, florestal e na agroindústria será possível transformar o sector primário e torná-lo resiliente e preparado para enfrentar os desafios futuros, nomeadamente nos domínios agroclimático e alimentar».
No evento, que contou com 80 representantes de cooperativas e organizações agrícolas nacionais e com a presença da ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, o foco residiu no debate das propostas do PEPAC, tendo os agricultores manifestado «desconfiança» quanto ao PEPAC e sustentado que os «apoios são insuficientes e deixam muitos produtores de fora». A Confagri critica, desde logo, «o timing apertado que é imposto por Bruxelas, de apresentar o PEPAC 23/27 até ao final do corrente ano, e que nos está a obrigar a um debate demasiado rápido e insuficiente do mesmo, num momento de crise politica em Portugal, associado a uma crise dos mercados de matérias-primas, de transporte e de energia, passando pelas dificuldades derivadas das alterações climáticas, em discussão na COP26».
Para a entidade, que considera que o PEPAC «se afigura como sendo “o instrumento essencial para manter vivo o mundo rural”», é «lamentável que as cooperativas e as organizações de produtores saiam negativamente discriminadas do actual PEPAC no âmbito das medidas agro-ambientais». O presidente do Conselho de Administração da Confagri, Manuel dos Santos Gomes, afirmou no evento que «o sector cooperativo é o único com capacidade para integrar e apoiar os agricultores que, sem este apoio ficarão à mercê dos mercados, cada vez mais competitivos e instáveis».
Manuel dos Santos Gomes também disse ser «lamentável que, perante cenários de escassez, se continue a discriminar negativamente a produção de bens alimentares», acrescentando que «temos uma grande preocupação económica e social com o prenúncio de faltarem bens alimentares essenciais e com um PEPAC que não valoriza a produção nacional, colocando Portugal numa maior situação de dependência e vulnerabilidade, com maiores riscos de falta de alimentos, acentuando a dependência externa». O responsável da Confagri disse ainda que «os agricultores querem produzir de forma sustentável para que não faltem alimentos à mesa dos portugueses, mas para isso o PEPAC não poderá continuar a premiar e a promover a não produção».
Na sua intervenção, a ministra da Agricultura «destacou “a importância das cooperativas agrícolas no desenvolvimento e capacitação do sector e na dinamização socioeconómica das zonas rurais”» e referiu que, «convictos do papel crucial assumido pelas cooperativas, o PEPAC dedicará uma atenção particular à organização da produção, elemento central para o reequilíbrio das relações na cadeia alimentar e para a competitividade sectorial», explica um comunicado da Confagri. Durante o Conselho Geral da Confagri, foram defendidos seis princípios essenciais «para garantir a sustentabilidade da agricultura e do sector agroalimentar», que se apresentam na imagem abaixo.