Biodiversidade: ANIPLA apela a diálogo e a decisões baseadas em ciência

Visita técnica sobre produção de mirtilos

A propósito da estratégia para a defesa e preservação da biodiversidade apresentada recentemente pela Comissão Europeia, em que uma das medidas apresentadas consiste na redução em 50% do uso de produtos fitofarmacêuticos até 2030, a Associação Nacional da Indústria para a Protecção das Plantas (ANIPLA) deixa um apelo ao diálogo, a abordagens baseadas na ciência e à promoção de práticas de redução de risco da utilização de pesticidas. «É urgente que a população esteja consciente de que os procedimentos de autorização e controlo para uso de produtos fitofarmacêuticos da União Europeia [UE] são dos mais rigorosos do mundo, garantindo a protecção do aplicador e ambiente, assim como o fornecimento de produtos alimentares da mais alta qualidade e segurança para todos», diz António Lopes Dias, director executivo da entidade.

A associação afirma que, «como representantes de uma indústria que apoia os agricultores e a produção de alimentos, também os membros da ANIPLA estão comprometidos em desempenhar um papel relevante e em linha com a promoção da biodiversidade e em simultâneo com uma produção agrícola sustentável nas suas três vertentes, ambiental, social e económica». A entidade considera que «as abordagens políticas devem ser ambiciosas, coerentes e facilitadoras» e que «devem garantir a atenuação das alterações climáticas e a melhoria da biodiversidade, garantindo simultaneamente a viabilidade da agricultura europeia e um fornecimento resiliente de alimentos seguros e sustentáveis para todos», mas defende que esses objectivos não são «mutuamente exclusivos e podem ser alcançados com uma abordagem equilibrada e baseada na ciência».

Segundo a associação, a indústria está disponível para «dialogar com os agricultores e a sociedade em geral, no sentido de desenvolver, formar e promover práticas de redução de risco do uso de pesticidas, desde que baseadas na ciência, com o apoio da investigação, suportada pela tecnologia e evolução digital». Neste contexto, António Lopes Dias assinala que «é necessário optimizar ferramentas, incentivar e apoiar os agricultores, apostar na formação e no desenvolvimento de alternativas que protegem e promovem a biodiversidade», mas esclarece que «a ANIPLA defende que a inovação tem de ser uma parte essencial da solução – veja-se os exemplos de soluções de biopesticidas e tecnologias de precisão – e considera que preservar não pode nem deve ser sinónimo de eliminar aquilo que nos ajuda a defender e salvar culturas», realçando ainda que «não podemos comprometer a segurança alimentar e a viabilidade da agricultura europeia, impondo metas irrealistas aos nossos produtores».

Para o director executivo da ANIPLA, «quando falamos de agricultura, qualquer que seja o modo de produção, incluindo o biológico, o importante é que as metas aplicadas sejam exequíveis e tomem em consideração uma análise de risco/benefício e as suas consequências», sendo que «o estímulo à sustentabilidade na agricultura deve concentrar-se no desempenho das produções e não no tipo de produção». A reforçar a ideia, relembra o resultado de um estudo que a associação realizou em 2016, com o objectivo de estimar o impacto económico «caso fossem retiradas do mercado cerca de 130 substâncias activas presentes nos produtos fitofarmacêuticos disponíveis na Europa».

A terminar, a ANIPLA sustenta que «falar sobre agricultura sustentável é ter a capacidade de olhar para o todo e não só para a parte» e que «não se pode falar de biodiversidade sem entender a agricultura como um promotor desse mesmo desígnio». Desta forma, tendo em conta as medidas apresentadas pela UE, «a ANIPLA apela publicamente a todos os organismos políticos com capacidade de decisão sobre estas matérias para que intervenham no sentido de repensar medidas que podem ser altamente prejudiciais para múltiplos sectores e, no limite, para toda a população europeia, estabelecendo metas construtivas e realistas, que equilibrem tensões e permitam alcançar as metas climáticas garantindo a segurança alimentar da Europa».

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