A estenfiliose, causada por Stemphylium vesicarium, há muito que ataca as pereiras Rocha e preocupa os produtores. Assim, esta doença foi o tema do 9.º Encontro Rocha em Flor, promovido pela Associação dos Produtores Agrícolas da Sobrena (APAS), dia 14 de Março, em Pragança (Cadaval).
Produtores, técnicos de empresas de fitofármacos e investigadores lançaram a discussão sobre o que fazer para combater esta doença. O uso de produtos químicos e a mobilização na entrelinha foram algumas hipóteses apresentadas mas que não geram consensos.
A discussão acendeu-se com a apresentação do professor João Pedro Luz, da Escola Superior Agrária de Castelo Branco. Este levou a cabo um estudo com 56 isolados de Stemphylium, recolhidos na região Oeste, em 2015, e testou cinco substâncias activas homologadas no mercado para o combate à estenfiliose. À excepção de uma – iprodiona – as restantes revelaram-se ineficazes nos testes in vitro. «É uma situação alarmante a falta de eficácia dos fungicidas. A iprodiona mostrou-se mais eficaz possivelmente porque tem sido menos usada», disse João Pedro Luz.
José Saramago Natividade, da BASF, na sua intervenção manifestou o desacordo com as ideias do professor de Castelo Branco, tal como o fizeram alguns dos produtores presentes. José Saramago Natividade defendeu, contudo, que «não é a luta química por si só que vai resolver a estenfiliose». Sugeriu, para casos considerados graves, uma mobilização da entrelinha, evitando assim «a presença de ervas secas que são um repositório para a estenfiliose». O orador sublinhou que deve haver «um uso sustentável dos fungicidas» e que deve haver «uma mistura de fungicidas com modos de acção diferentes».
A audiência voltou a manifestar-se e considerou que a mobilização também não é o caminho porque seria «um retrocesso», destruindo a matéria orgânica que se tem conseguido recuperar desde que há coberto vegetal nas entrelinhas.
Os produtores de pêra Rocha conhecem já métodos de como lidar com esta doença, mas é sempre tempo de recordar medidas para controlo do inóculo de estenfiliose no ecossistema do pomar. Nelson Isidoro, da Coopval, falou «da retirada dos frutos infectados do pomar logo após a colheita; da aplicação à queda das folhas de ureia ou outros compostos que acelerem a degradação das folhas e dos resíduos dos solos; de varrer as folhas da pereira para a linha e proceder a uma trituração das mesmas para acelerar a sua decomposição, se possível depois da aplicação de ureia ou outro antagonista biológico; de retirar as folhas de pereira com um aspirador».
O 9.º Encontro Rocha em Flor serviu ainda para algumas empresas como Sapec Agro, Bayer e Syngenta apresentarem o seu portefólio para o combate à estenfiliose nos pomares de pereira Rocha.