Cientistas do instituto Max-Planck, na Alemanha, provaram através do estudo “Protecção total da plantação contra uma praga através da introdução de ARN longo de cadeia dupla em plastídios” que, introduzindo o ARN (ácido ribonucleico) do escaravelho-da-batata (Leptinotarsa decemlineata) nas plantas da batateira, os genes do insecto “desligam”, provocando a sua morte.
A equipa escolheu os cloroplastos, que se localizam nas folhas da planta, para introduzir o ARN dos escaravelhos. Os resultados foram verificados ao fim de poucos dias. O ARN nas plantas reage contra o gene β-actin tornando-se letal para larvas e adultos.
No estudo em questão, publicado na revista Science no final do mês de Fevereiro de 2015, os cientistas explicam que, ao fim de três dias, os adultos pararam de se alimentar das plantas. Ao fim de quatro, as larvas estavam mortas.
O escaravelho-da-batata é considerado uma superpraga internacional e desenvolveu, ao longo do tempo, resistência a grande parte dos insecticidas disponíveis. Pode, em ataques mais intensos, destruir plantações inteiras, afectando a quantidade e qualidade do produto final. Os cientistas explicam que esta abordagem permite «proteger as plantas sem recorrer a químicos e sem sintetizar proteínas nas plantas».
O insecto está presente em todo o território de Portugal continental. Cláudia Sá, directora de Serviços de Sanidade Vegetal da Direcção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), explicou à Frutas, Legumes e Flores que o escaravelho-da-batata é uma «cultura de qualidade», pelo que não existe legislação específica para o seu controlo. Cabe ao produtor fazê-lo.