Estudo: Green Deal pode gerar perdas de 330M€ por ano no Rendimento Agrícola em Portugal

A Anipla – Associação Nacional da Indústria para a Protecção das Plantas apresentou as conclusões de um estudo realizado pela AGRO.GES sobre o Impacto Económico da Redução de Aplicação de Produtos Fitofarmacêuticos na Produção Vegetal em Portugal.

Na origem do estudo agora apresentado está a intenção assumida pela União Europeia no quadro da estratégia do Prado ao Prato, e apresentada no Green Deal da Comissão Europeia, de reduzir a utilização de produtos fitofarmacêuticos em 50% até ao ano 2030. Esta decisão política pode, porém, ter fortes impactos na economia e no futuro de várias fileiras agro-alimentares europeias.

Preocupada com o impacto económico de tal medida em Portugal, a Anipla solicitou à AGRO.GES um estudo com vista a avaliar quais serão as repercussões económicas da retirada de um conjunto de mais de 80 substâncias activas (s.a.) consideradas em risco de perder a autorização de utilização na Europa em cinco fileiras agrícolas nacionais, considerando o território continental, nomeadamente a vinha para vinho, o olival para azeite, a pêra rocha, o milho-grão e o tomate para indústria.

O trabalho realizado pela AGRO.GES permite estimar perdas muito importantes em todas as fileiras: a do milho-grão e do tomate de indústria perderão a viabilidade económica por completo enquanto, nas restantes, se estimam impactos económicos muito relevantes. O valor estimado para a perda de margem bruta (MB) é de cerca de 257 milhões de euros anuais, e considerando apenas a receita perdida nestas cinco fileiras, as estimativas apontam para uma perda anual de cerca de 332 milhões de euros. Estes valores representam perdas de 9% do Valor Acrescentado Bruto (VAB) anual da agricultura e 7% do Rendimento anual total gerado pela produção vegetal no mesmo ano, respectivamente.

De notar que o impacto económico de perda de 257M€ em MB resulta do somatório das três fileiras que se mantêm em produção, vinha, olival e pêra, e, adicionalmente da totalidade da margem bruta actualmente gerada pelas duas fileiras que, segundo o estudo, deixam de ser viáveis, e por isso deixam de existir.

Particularmente no caso da vinha para produção de vinho, as perdas ocorrem não pela perda de produtividade, uma vez que existem produtos alternativos para os inimigos das culturas a combater que não são considerados em risco de retirada do mercado, mas sim pelo «elevadíssimo aumento de custos». O custo das alternativas e, em alguns casos, o aumento das necessidades de aplicação são, assim, os responsáveis pela quebra na rentabilidade.

Quanto ao olival, o efeito é manifestamente diferente entre os olivais modernos, regados e explorados em sebe ou em copa, e os tradicionais, mais robustos e menos Produtivos. Se no caso dos últimos, o impacto é nulo (ou reduzido), no caso dos olivais modernos, o impacto é muito substancial, tanto pela via do aumento dos custos de operação, como pela redução da quantidade e valor da produção.

Em suma, das cinco fileiras estudadas, pode-se concluir que, «se fossem retiradas as substâncias activas consideradas em risco de retirada, ao dia de hoje, as duas culturas anuais, milho grão e tomate para indústria, provavelmente desapareceriam e que as três fileiras baseadas em culturas permanentes continuariam a ser viáveis, mas com perdas muito significativas».

«Mas mais do que isso: note-se que as culturas analisadas no estudo representam apenas 1/3 da produção vegetal em Portugal, pelo que o impacto poderá ser muito maior», refere António Lopes Dias, director executivo da Anipla, na apresentação oficial do estudo.

«O perigo que a agricultura portuguesa enfrenta» pela ameaça à sua competitividade e, consequentemente, significativo impacto quer a nível económico quer a nível social, é «real e muito sério», pondo em causa a segurança alimentar, decorrente da menor autonomia, e é por isso que, aquilo que preocupa a Anipla «é o verdadeiro paradoxo entre a realidade do sector e as metas definidas pela Comissão Europeia, assim como a ausência de base científica para a proposta de reduzir em 50% o uso destas substâncias. Como é que chegamos a esta percentagem?», acrescenta António Lopes Dias. «A indústria aceita, compreende e abraça os propósitos da estratégia, queremos é ter certezas, métodos viáveis e estratégias adaptadas a cada Estado-membro, numa conversa aberta, em que todas as metas e decisões sejam estabelecidas com base num factor fundamental: a ciência», conclui o mesmo responsável.

Aqui, Sumário Executivo do Estudo, com link para o documento completo.

 

 

 

 

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