Na cerimónia de entrega das bolsas dos melhores projectos da edição de 2015 da Academia do Centro de Frutologia Compal, a 13 de Outubro, foi anunciada a 4.ª edição desta iniciativa, que decorrerá em 2016.
A Academia nasceu em 2013 com o «objectivo de valorizar a fruta portuguesa, apostando nos fruticultores portugueses», realçou José Jordão. O presidente do Centro de Frutologia Compal afirmou que «esta nossa aposta continua a fazer sentido do ponto de vista estratégico» e, por isso, «ainda no decorrer do deste mês de Outubro serão abertas candidaturas para a edição de 2016».
A edição do próximo ano continuará a ter uma área de formação mais prática e também em sala de aula. Os conteúdos programáticos terão incidência nas novas tecnologias, no uso de produtos, gestão agrícola, comercialização e os princípios da fruticultura.

O Salão do Marquês no Ministério da Agricultura e do Mar, em Lisboa, foi o palco escolhido para a entrega de três bolsas no valor de 20.000 euros. Os vencedores foram escolhidos entre 12 finalistas que se distribuíam por várias regiões do País, tais como Castelo Branco, Viseu, Santarém, Alentejo e Oeste.
Os vencedores foram Márcio Pinheiro, que produz maçã em Armamar e Tarouca, Nuno Carvalho, produtor de pêssego e cereja em Três Povos (Fundão) e Olívia Calvo, jovem agricultora de cereja, figo e ameixa em Resende.
Os vencedores salientaram a importância da Academia na aquisição de conhecimento e no estabelecimento de uma rede de contactos. Márcio disse que vai «aproveitar isto ao máximo para a agricultura ir para a frente», enquanto Olívia considerou a participação na Academia «uma revolução». «Mudei o meu projecto inicial com base na formação da Academia», afirmou. Por fim, Nuno Carvalho referiu que o projecto «ajuda os agricultores, sobretudo os que estão no início. Este é um mundo [o da agricultura] gigantesco».
«Há falta de estratégia»
A cerimónia de entrega das bolsas foi também uma oportunidade para reflectir sobre a agricultura, o sector frutícola em particular. Para Firmino Cordeiro, representante da Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (Ajap), o sector tem de ser «mais exigente com os governantes».

O ex-presidente da Ajap comentou que muito se fala de agricultura e de casos de sucesso e de como «sabemos vender bem», mas que é importante referir outros países «têm mais apoios, factores de produção mais baratos e ainda conseguem vender mais caro do que nós». Assim, terminou a sua intervenção questionar se «sabemos realmente vender bem?»
No momento de debate, Luís Mira da Silva, presidente da Direcção da Inovisa, referiu que o principal desafio do sector é a «organização da produção». «É fundamental olhar para os mercados de forma conjunta, criar escala, agregar produção», pormenorizou.
A organização de produtores é um dos temas no pensamento de Ricardo Tojal, vencedor de uma bolsa na edição do ano passado da Academia. A plantar prunóideas (pêssego, paraguaios, nectarinas, ameixas, entre outros), o jovem agricultor explicou que quer ter a produção toda vendida antes mesmo de a colher e pensa escoar através da organização de produtores (OP) da Cova da Beira mas lamenta que a mesma seja «desorganizada».
A terminar, José Jordão, declarou que «há muito a percorrer para pensar onde é que se pode criar valor».
Artigos relacionados
Crédito Agrícola apoia Academia Compal