Desenvolvido por duas estudantes da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa, o Snack-a-Tummy foi o produto vencedor da edição de 2025 do Prémio Ecotrophelia Portugal e vai representar o país no concurso Ecotrophelia Europe, a realizar em Colónia, Alemanha, durante a feira Anuga, nos dias 7 e 8 de Outubro. O Snack-a-Tummy combina palitos produzidos a partir do bagaço de maçã vermelha de Alcobaça IGP (Indicação Geográfica Protegida) com uma composição de leite fermentado e foi desenvolvido «a pensar na alimentação infantil» e em «cuidar da saúde digestiva das crianças enquanto cuida do planeta».
As criadoras deste produto, Inês Soares e Rita Vedor, explicam que, «para chegarmos a esta solução para o bem-estar infantil pegamos em subprodutos que iam para o lixo e damos-lhes uma nova vida». «Conjugamos o aproveitamento de produtos locais e nutritivos, mas subvalorizados, e, com o apoio da ciência e com inovação, adicionámos os três P’s da saúde digestiva: os pré-bióticos, os pró-bióticos tindalizados e os pós-bióticos, que talvez sejam a componente mais disruptiva e mais desconhecida, mas que apresenta benefícios para o consumidor», afirmam.
À nona edição da competição nacional promovida pela PortugalFoods concorreram 20 projectos, envolvendo 77 alunos universitários de diferentes regiões do País e de 10 instituições de ensino nacionais, tendo o vencedor sido escolhido pelo júri a partir dos oito projectos finalistas «por apresentar um alimento versátil, saudável, nutritivo e um exemplo de inovação ecoalimentar», refere a organização. O Snack-a-Tummy recebeu um prémio no valor de 2.000 euros e as distinções “Business Up” (atribuída pelo Portic – Porto Innovation Center, que destaca o espírito empreendedor das equipas participantes e garante a oportunidade de beneficiar de mentoria pela Startup Porto, bem como uma visita às instalações Portic), “Strategy Up” (atribuída pela consultora especializada Market Access, que prevê apoio no robustecimento do plano de negócios para a competição europeia) e “Design Up” (atribuída pela Tasting Design, que garante consultoria com o objectivo de incrementar a proposta de design do projecto para o Ecotrophelia Europe).
No evento de anúncio e atribuição de prémios, realizado no Porto a 9 de Julho, foram atribuídos outros galardões, sobretudo pelas componentes de sustentabilidade e inovação. Assim, em 2.º lugar, com um prémio de 1.000 €, ficou o projecto The Green Essence, da equipa do Instituto Superior de Agronomia (ISA), que incide sobre «bombons artesanais de chocolate negro e spirulina com uma cianobactéria que confere a cor verde do recheio, rica em proteína, vitaminas e minerais», explica a PortugalFoods. Segundo a organização, estes bombons foram apresentados em três sabores: limão, manjericão e ananás dos Açores, e em duas linhas diferentes: a “Healthy”, produzida com maçãs de Alcobaça (rejeitadas industrialmente por não terem o calibre desejado para venda, porém sem qualquer defeito sensorial), sem açúcares adicionados e vegan; e a linha “Indulgente”, com recheio de ganache de chocolate branco.
O 3.º lugar, com um prémio de 500 €, foi para a kombucha alcoólica artesanal Briza, com 4,7% de volume alcoólico, chá de lúcia-lima, laranjas do Algarve e licor com aguardente bagaceira, desenvolvida por uma equipa de alunos da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. O Prémio Ecotrophelia Portugal é uma competição anual que «pretende estimular o empreendedorismo jovem no sector agroalimentar», ao convidar estudantes universitários de todo o País a «apresentarem os alimentos do futuro», através do desenvolvimento de «produtos que contribuam para a redução do desperdício alimentar, que promovam a economia circular e que sejam ecoinovadores e sustentáveis».
Além dos três prémios, foram atribuídas outras distinções. O projecto desenvolvido por uma equipa multidisciplinar de estudantes do Instituto Politécnico de Bragança conquistou a distinção “Nutri Up”, atribuída pela Associação Portuguesa de Nutrição (APN), com o Croquito, um «croquete ultracongelado à base de leguminosas e farinha de insecto». O Croquito «une tradição e inovação, tendo como objectivo promover hábitos alimentares mais saudáveis e responsáveis, contribuindo para a sustentabilidade do nosso planeta, através do consumo de uma proteína alternativa, a de insecto», tendo sido escolhido como «o produto com melhor perfil nutricional», indica a organização. Esta distinção garante à equipa mentoria pelo corpo técnico da APN e o acesso gratuito à edição de 2026 do Congresso de Nutrição e Alimentação promovido por esta associação.
A UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, outra das entidades associadas ao Prémio Ecotrophelia, atribuiu a distinção “Rise Up” ao projecto Tremo, «um pastel ultracongelado vegetariano que alia tradição portuguesa e inovação alimentar». De acordo com a organização, este produto é «inspirado na ligação cultural entre o tremoço e os momentos de convívio» e «reinventa este ingrediente nacional ao integrá-lo na massa do pastel, substituindo parte da farinha de trigo», sendo que o resultado é «um produto mais completo, fonte de fibra e proteína, com classificação Nutri-Score A». A distinção garante a participação na “Escola de Startups”, beneficiando de mentoria, formação, acesso à comunidade e aos eventos da UPTEC.
As oito equipas finalistas vão ter acesso a um programa desenvolvido pelo EIT Food, entidade europeia de inovação no sector alimentar, impulsionada pelo Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT). Além dos projectos já referidos, os finalistas incluem ainda os produtos Lusopina, Proboost e Swana.
Organizado desde 2017 pela PortugalFoods, entidade gestora do cluster do setor agroalimentar português, o Prémio Ecotrophelia Portugal tem o Alto Patrocínio da Presidência da República e conta com o apoio de Câmara Municipal do Porto, UPTEC, Portic, Associação Portuguesa de Nutrição, Market Access e Tasting Design e com o patrocínio de Crédito Agrícola, Água Monchique, Vieira, Food Lab (Continente), Casa Mendes Gonçalves, Novarroz, Grupo Primor, Grupo Super Bock, All the Way Travel e CBS – Creative Building Solutions. «O Prémio Ecotrophelia é uma iniciativa que desafia os jovens a serem inovadores e disruptivos e acreditamos que se trata de uma competição que, ano após ano, tem contribuído para impulsionar a inovação no sector agroalimentar. Além disso, é nosso objectivo desempenhar um papel fundamental ao incentivar a academia, a indústria agroalimentar e os diversos players do ecossistema tecnológico a evoluir e a repensar o futuro do sector – uma missão tão urgente quanto necessária», diz Deolinda Silva, directora executiva da PortugalFoods.
Por ocasião do evento de 9 de Julho, a PortugalFoods apresentou o “Roteiro para a Descarbonização do Sector Agroalimentar”, «um instrumento que visa apoiar as empresas deste sector na transição para uma economia mais sustentável e circular, reduzindo as emissões de carbono e promovendo práticas mais eficientes e amigas do ambiente». A PortugalFoods relata que este documento – que poderá ser consultado aqui –, «apresenta um conjunto de medidas transversais ao sector, bem como um conjunto de medidas específicas para as fileiras com maior impacto a nível de consumos energéticos e emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE)».
[fotografias: Ecotrophelia Portugal / © João Pedro Rocha]
