O Instituto Nacional de Estatística (INE) disponibilizou a 24 de Julho a nova edição das Estatísticas Agrícolas, publicação de periodicidade anual. Organizado em 11 capítulos, o documento agrega dados maioritariamente relativos ao ano de 2024, nas vertentes da agricultura e da floresta, incluindo a indústria agroalimentar, o comércio, o aprovisionamento, o consumo, os preços agrícolas e as contas económicas.

Segundo o INE, «os cereais de Outono/Inverno apresentaram boa produtividade, mas com margens reduzidas», «o milho registou quebras acentuadas de produtividade e redução de área», «as produções de batata (+10%) e hortícolas (+3,1%) cresceram, apesar de atrasos na instalação das culturas», e «o tomate para a indústria aumentou em área, mas diminuiu a produtividade». «Nas culturas permanentes, o azeite destacou-se com a segunda maior produção de sempre e a amêndoa atingiu um recorde, consolidando Portugal como o segundo maior produtor da União Europeia (UE). Maçã e laranja recuperaram do mau ano agrícola anterior, enquanto as produções de pêra, kiwi e cereja registaram decréscimos por doenças e fenómenos climáticos adversos», refere.


O INE também indica que «o consumo aparente de fertilizantes cresceu 16,6% em 2024, alavancado pelo decréscimo do índice de preços dos fertilizantes (-18,3%). Esta evolução acabou por determinar a evolução pouco favorável do balanço de nutrientes, cuja excedência por hectare de SAU [Superfície Agrícola Utilizada] aumentou 6,7% no balanço do azoto e 14,5% no balanço de fósforo». É igualmente destacado que «o rendimento da actividade agrícola, em termos reais, por unidade de trabalho ano (UTA), aumentou 14,5%, com o VAB [Valor Acrescentado Bruto] a crescer 7,3%, reflectindo uma variação positiva, em volume, da Produção (+4,2%) superior à do Consumo Intermédio (+2,5%)», ao que acresce que «os índices de preços de produção dos bens agrícolas e dos bens e serviços de consumo corrente na agricultura diminuíram, respectivamente, 2,7% e 0,4%».

No que diz respeito ao grau de autoaprovisionamento, «o país aumentou a dependência do exterior em cereais, leite e derivados e frutos – com os respectivos graus de autoaprovisionamento a fixarem-se em 17,9%, 90,1% e 68,8% –, manteve a autossuficiência em arroz e reforçou o aprovisionamento excedentário em vinho e azeite». O INE salienta também que «o défice da balança comercial dos Produtos agrícolas e agroalimentares (excepto bebidas) atingiu 5.170,0 milhões de euros em 2024, desagravando em 421,4 milhões de euros face ao ano anterior» – uma «evolução favorável» que «resultou de um aumento das exportações (+676,7 milhões de euros) superior ao das importações (+255,3 milhões de euros) deste tipo de produtos».
Ainda de acordo com o INE, «a indústria alimentar continua a ser a principal actividade da produção industrial nacional com 16,2% do total das vendas em 2024 (16,6% em 2023), registando um valor de faturação de 16,7 mil milhões de euros». Pode consultar aqui o documento completo das Estatísticas Agrícolas 2024.
Boletim Mensal de Agricultura e Pescas – Julho de 2025

O INE também disponibilizou, a 21 de Julho, uma nova edição do Boletim Mensal de Agricultura e Pescas, que apresenta dados de produção e de preços à data de 30 de Junho e que pode consultar aqui. O documento informa que, «apesar das variedades tardias de cereja terem beneficiado de melhores condições, a produção ficou novamente abaixo do potencial, à semelhança das duas campanhas anteriores».

Ainda nas fruteiras, «os pomares de pêra Rocha do Oeste continuam a ser afectados pela incidência de fogo bacteriano e estenfiliose, prevendo-se uma produtividade semelhante à dos últimos anos e muito abaixo do potencial produtivo», e no caso das macieiras «estima-se um aumento de produtividade no Oeste e um decréscimo no Douro». Na vertente dos preços, reporta-se que, «em Junho de 2025, as variações mais significativas no índice de preços de produtos agrícolas no produtor foram observadas no azeite a granel (-60,6%), bovinos (+33,8%), batata (-27,8%), ovos (+24,4%) e ovinos e caprinos (+19,1%)» e que, «em comparação com o mês anterior, as variações de maior amplitude verificaram-se na batata (-19,6%), plantas e flores (-7,0%), ovos (-5,7%) e frutos (+4,4%)».