O Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) decidiu investir 300 mil euros em inteligência artificial para tentar optimizar custos de produção e identificar as melhores rotas e destinos dos seus vinhos.
O projecto está “em desenvolvimento”, disse à Lusa o presidente da instituição, Gilberto Igrejas, na apresentação oficial no IVDP a agentes do sector convidados para o efeito.
«O IVDP Data + dar-nos-á a capacidade de conhecer e antecipar a produção e o mercado, nacional e internacional, de uma forma analítica, extraindo valor dos dados já existentes no IVDP enriquecidos com outras fontes de dados», explica a instituição sediada no Porto.
A NOVA IMS, a escola de Gestão de Informação da Universidade Nova de Lisboa, colabora com o instituto neste projecto e o seu subdirector, Miguel de Castro Meto, disse na apresentação que a ciência dos dados e a inteligência artificial serão utilizados tanto «para compreender a realidade» como para «antecipar o futuro e propor acções que optimizem resultados em função da avaliação de cenários alternativos e da sua optimização».
Gilberto Igrejas referiu que o IVDP trabalhará com os agentes interessados e explicou que o projecto tem como objetivo «ajudar o sector com os modelos económicos vocacionados para a inteligência artificial, para ajudar a delinear melhor os seus canais de vendas e a forma como vão vender o seu produto».
Tais modelos serão definidos com base nos dados históricos que o IVDP possui e pretende disponibilizar.
«O que vamos fazer ao longo desde projecto é, no interface com todos os agentes económicos, dar estes dados e receber contributos para que o projecto possa ser melhorado e chegar a um resultado que seja razoável» para todos, explicou.
«Através deste modelo será possível realizar estimativas de produção para o viticultor – e prever os respectivos custos de produção – identificar os trânsitos de vinhos mais favoráveis e sugerir potenciais mercados mediante as características do vinho, além de permitir o rastreamento fidedigno de toda a produção», informa o IVDP.
Gilberto Igrejas ressalvou que não serão publicados dados de vendas que possam expor um agente económico. «Nesta fase, os dados têm o sigilo que o projecto exige e, à medida que ele for sendo desenvolvido, logo veremos que tipo de dados podem ser fornecidos», observou.
Para Gilberto Igrejas, o projeto IVDP Data + cria «um novo paradigma de planeamento e gestão de toda a cadeia de valor do vinho do Douro e Porto, lançando as bases para que as políticas públicas assentem em dados, quer no momento da sua construção, quer na sua monitorização e avaliação.»
O secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, que compareceu ao lançamento do projecto, considera necessário «apoiar todas as iniciativas que estimulem um clima favorável à tecnologia e à inovação, que criem condições para que a competitividade das organizações e a produtividade das empresas portuguesas se eleve».
Nuno Russo destacou a importância de «fazer a transformação digital do sector agroalimentar» e da administração pública, tendo referido que este projeto do IVDP concilia os dois aspectos.
O governante considera que o IVDP Data + poderá ser «uma oportunidade» para o Instituto da Vinha e do Vinho fazer igual, «aprender e eventualmente alargá-la» a outras regiões vitícolas.
O secretário de Estado da Agricultura disse ainda que o sector do vinho tem-se mostrado «resiliente». «Já estamos a verificar sinais positivos da recuperação quer do consumo nacional quer da exportação», afirmou.