No fim de Outubro, a Sogrape Vinhos acolheu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a primeira assembleia-geral do MED-GOLD, projecto europeu que cumpriu já o primeiro ano de trabalhos. Esta iniciativa visa «identificar as potenciais ameaças das mudanças climáticas para os três principais sectores agro-alimentares da bacia do Mediterrâneo – vinha, olival e trigo duro –» e «aumentar a resiliência das cadeias agro-alimentares, contribuindo com séries de dados históricos sobre o clima e colheitas e com a avaliação dos novos serviços climáticos que serão criados no projecto».
Em comunicado, indica-se que na reunião «foi identificada a necessidade de envolver universitários da área agro-alimentar no desenrolar dos trabalhos de investigação, no sentido de procurar garantir uma disseminação transgeracional do valor das inovações do projecto», pelo que foram definidas «acções concretas para envolver jovens europeus no projecto, seja através de webinários ou escolas de Verão, ou até mesmo através do site do projecto». A nível de desafios identificados para o próximo ano, figuram «a necessidade de tornar claro para os utilizadores, desde já, o valor aportado pelas soluções que irão ser desenvolvidas para os novos serviços climáticos» e a adaptação dos novos serviços «às necessidades específicas dos três sectores envolvidos e, dessa forma, melhor contribuir para os objectivos estratégicos da União Europeia com este projecto».
Esta iniciativa «pretende recolher, avaliar e caracterizar séries de dados históricos sobre o clima e as colheitas, que hão-de servir de base para a criação de modelos matemáticos, a partir dos quais se poderão fazer previsões climáticas focadas na agricultura, em prazos desde seis meses a mais de trinta anos». Assim, «com a informação gerada, gestores, directores e técnicos serão capazes de tomar decisões sobre a plantação de vinha, a escolha de variedades de uvas e porta-enxertos ou o planeamento operacional para cada campanha, bem como aprovisionamento, vindimas e outros aspectos».
A Sogrape Vinhos é a única entidade do sector vitivinícola europeu que participa no projecto e é também a única entidade portuguesa. A empresa vai contribuir «para orientar o conhecimento dos parceiros científicos da área da climatologia para a criação de serviços que permitam o acesso a dados históricos, não só climáticos (recolhidos pela sua rede de estações meteorológicas e junto de parceiros institucionais como o Ministério da Agricultura ou o IPMA), mas também de cultura (registos de datas de vindima, estados fenológicos e de pressão de doenças da videira)». A Sogrape Vinhos também «fará uma avaliação, com os utilizadores finais (técnicos de viticultura e enologia), dos serviços criados, para determinar o valor que acrescentam quando comparados à situação actual».
Lançado em Dezembro de 2017, o MED-GOLD dura quatro anos e é financiado em cerca de cinco milhões de euros pelo programa Horizonte 2020 da Comissão Europeia. Pretende-se que «todas as ferramentas desenvolvidas fiquem disponíveis para toda a comunidade de utilizadores» e espera-se os primeiros resultados para final de 2020.