Decorreu a 21 de Janeiro o evento «Agricultura na Europa: Estagnar ou Evoluir?», que teve lugar na Smart Farm, unidade de demonstração instalada na Companhia das Lezírias desde 2016. Esta iniciativa foi organizada pela CropLife Portugal – Associação da Indústria da Ciência para a Protecção das Plantas, pelo Centro de Informação de Biotecnologia (CIB) e pela Companhia das Lezírias, tendo em vista a «partilha de informação e conhecimento científico» e o «debate sobre o papel da ciência e tecnologia na modernização e competitividade da agricultura, no quadro nacional, europeu e global».

O evento contou com a presença de deputados da Comissão Parlamentar de Agricultura e Pescas, bem como de representantes da Direcção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), entre outras entidades. Na ocasião, João Cardoso, director-executivo da CropLife Portugal, referiu que «a nossa missão passa também por constantemente contribuir com dados e informação relevantes para o processo de decisão político e regulador, procurando que a realidade do agricultor seja de facto conhecida e bem compreendida por quem tem aquela responsabilidade».

Nesta iniciativa, falou-se dos «cada vez maiores desafios» existentes para alimentar uma população global de mais de oito mil milhões de pessoas, considerando-se que «mais do que nunca se impõe a urgência de encontrar novas soluções para produzir alimentos de forma sustentável». Também se abordou o tema das Novas Técnicas Genómicas (NTG) «como um recurso recente e muito eficaz no melhoramento genético de plantas», salientando-se que estas «permitem uma variabilidade induzida mais precisa e previsível, uma vez que se pode proceder a alterações em genes já identificados na planta».
«Espera-se que as NTGs tenham um profundo impacto na agricultura e no conhecimento dos mecanismos de desenvolvimento das plantas, permitindo assim aumentar a produtividade para fazer face ao contínuo crescimento da população mundial e, não menos importante, às consequências das alterações climáticas, quer seja em termos da tolerância a stresses ambientais como a temperatura e o a disponibilidade de água, quer no combate às pragas e doenças, algumas delas também resultantes da modificação das condições ambientais», afirmou Jorge Canhoto, presidente da Direcção do CIB. «As NTGs são absolutamente essenciais para atingir os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável definidos pela Unesco, mas também para se conseguir atingir as metas ambientais da União Europeia preconizadas na estratégia do “Prado ao Prato” e no “Pacto Ecológico Europeu”», comentou.

Segundo um comunicado da CropLife Portugal, o evento contou também com uma visita detalhada às diferentes estações da Smart Farm, «onde todos tiveram oportunidade não só de conhecer algumas das melhores práticas agrícolas e das mais avançadas tecnologias à disposição do sector, mas também de debater e compreender a urgência de integrar as tecnologias disponibilizadas pela indústria nos procedimentos de análise de risco e de disponibilizar aos agricultores ferramentas que mitigam estes riscos durante todo o processo de produção». Eduardo Oliveira e Sousa, presidente da Companhia das Lezírias, defendeu que «a Companhia das Lezírias, sendo uma propriedade de capital exclusivamente público, tem a obrigação de acolher estas iniciativas, como forma de espelhar o que no dia a dia e na prática são os reais problemas da agricultura», tendo ainda manifestado satisfação pela adesão de deputados da Comissão de Agricultura e Pescas ao evento e indicado que foi «muito profícuo o debate em torno das dificuldades com que os agricultores se debatem no combate a pragas e doenças, face às regras cada vez mais restritivas que lhes são impostas, diminuindo a rentabilidade das culturas».
