No Tróia Design Hotel, entre 11 e 14 de Outubro, as leguminosas foram o principal tema de conversa. Investigadores de cerca de 40 países deslocaram-se à pitoresca península para discutir como tornar estes alimentos mais rentáveis para os agricultores. Durante as sessões da Conferência da Sociedade Internacional das Leguminosas, os cientistas salientaram a sua importância na alimentação humana e o seu impacto positivo no ambiente.
Na sessão de abertura, Diego Rubiales, presidente da Sociedade Internacional das Leguminosas, lembrou que «em Portugal e Espanha consomem-se muitas leguminosas, mas o seu cultivo é reduzido, enquanto no Canadá e na Austrália é o oposto. Estes países não consomem leguminosas, mas são líderes no seu cultivo e exportação. Ou seja, temos o exemplo de como as leguminosas podem ser uma história de sucesso para a agricultura, o que pode ser seguido pelos países que não produzem de forma rentável estas culturas».
Por seu turno, Luís Medeiros Vieira, secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, lembrou que existem 36 variedade de leguminosas disponíveis no Catálogo Nacional de Variedades e salientou o caso de sucesso do grão-de-bico nacional, que está a ser exportado para França, e do trevo-da-pérsia.
Para a agricultora e investigadora Marie-Hélène Jeuffroy, que interviu na sessão sobre a cadeia de valor das leguminosas, os produtores interessados em produzir esta cultura devem considerar que os seus «benefícios, que vão além da rentabilidade económica». A agricultora explicou que as leguminosas permitem «reduzir a aplicação de fertilizantes, porque favorecem a fixação de nitrogénio, bem como, diversificar a flora».
Por seu turno, Hakan Bahceci, um investidor privado envolvido na comercialização de leguminosas em grão, estes alimentos são uma «opção nutritiva e de baixo custo para resolver o problema da fome no Mundo». Contudo, «o financiamento direccionado à pesquisa sobre a produção de leguminosas é demasiado baixo», advertiu.
Em 2016, celebra-se o Ano Internacional das Leguminosas, uma efeméride que, segundo Diego Rubiales, significa que a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) «reconhece que as leguminosas são importantes para a saúde e para a sustentabilidade, mas o seu consumo ao nível global está a diminuir. Por isso, há que fomentar o aumento do seu uso na alimentação».