Presidente da Confagri pede que agricultura seja «desígnio nacional»

No encerramento da reunião extraordinária do Conselho Geral da Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (Confagri), que teve lugar a a 13 de Janeiro em Viseu, o presidente da entidade, Idalino Leão, defendeu que «é justo e estratégico que o poder político promova a agricultura e a produção agrícola como um verdadeiro desígnio nacional, assumido por todos os intervenientes – afinal, é de alimentos, gente e território que estamos a falar». Na sessão de encerramento, que contou com a presença de Maria do Céu Antunes, ministra da Agricultura e da Alimentação, Idalino Leão elencou as principais preocupações que tinham sido abordadas no evento e lançou «uma série de desafios, propostas e desabafos sobre o presente e futuro da agricultura nacional», dirigidos à Ministra da Agricultura, «num tom muito duro e assertivo», relata um comunicado da Confagri.

Para a entidade, «este é um período importante para todo sector agrícola nacional, pois estamos nas vésperas do início de um PEPAC [Plano Estratégico da Política Agrícola Comum], que traz com ele mais burocracia, mais exigências e menos apoios», sendo «importante que o sector viva com serenidade, para que as organizações consigam arrancar com uma boa execução do mesmo». Neste contexto, Idalino Leão referiu que «se deve reflectir muito bem sobre a data de início da abertura das candidaturas, quando ainda nem sequer as portarias estão publicadas».

Relativamente ao PEPAC, o presidente da Confagri disse ainda que a entidade defenderá sempre que as ajudas sejam canalizadas para a produção e que a gestão activa e produtiva do território é uma premissa que não vai abandonar. «Com este PEPAC, teremos novos mecanismos, como os chamados Ecorregimes. Mas atenção: dada a sua importância, é fundamental que os mesmos sejam exequíveis pelos agricultores de todos os territórios», comentou.

Idalino Leão, presidente da Confagri

Idalino Leão apontou a questão geracional como «o maior falhanço da PAC» – «esta é uma situação que todos os governos, sem excepção, assumem como uma lacuna que tem de ser resolvida, mas infelizmente os números falam por si» –, deixando o apelo: «Temos de captar jovens para este sector». Também foi sublinhado que «a problemática dos baldios, o aumento dos custos com a sanidade animal ou a falta de inspectores sanitários são alguns dos exemplos para os quais é urgente que exista uma resposta capaz, por parte da tutela, para a sua boa resolução, sob pena de o nosso grau de autoaprovisionamento ficar ainda mais comprometido».

O presidente da Confagri também espera que seja «finalmente» reconhecida a «especificidade» das cooperativas agrícolas, bem como das associações de agricultores, e lembrou que já entregou uma proposta à ministra nesse sentido, que Maria do Céu Antunes já assumiu essa necessidade publicamente, mas que até a data, «infelizmente», ainda não se tinha passado das palavras aos actos. «É urgente que seja reconhecida esta necessidade e que seja colocada em prática uma estratégia que promova ganhos de escala, capacitação institucional e empresarial, para enfrentarem e dar respostas aos desafios destes tempos, tal como fez Espanha há uns anos, com os bons resultados que se conhecem», mencionou.

Considerou ainda que os custos fixos associados à energia, como o gasóleo e a electricidade, «deviam ser equiparados» na Península Ibérica – para que os agricultores portugueses não fiquem «desfavorecidos, num período difícil, com uma taxa de inflação muito elevada» – e que «é fundamental que haja coragem e vontade política para que haja uma isenção dos bens que compõem o cabaz alimentar base, tal como fez Espanha». Por fim, afirmou que «este é o momento de os políticos fazerem o seu papel e estarem ao lado dos agricultores e das suas organizações» e que «os agricultores e as suas organizações merecem ser reconhecidos, merecem que seja criada legislação que equilibre os três elos da cadeia produtiva, merecem que se reconheça que, apesar da covid, dos confinamentos, da guerra e dos aumentos de custos brutais que sofreram, continuaram a fazer o seu papel e a produzir alimentos seguros e saudáveis para todos».

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