O projecto EyesOnTraps+ visa auxiliar os viticultores no controlo de pragas, nomeadamente através de soluções tecnológicas, para fazer face ao aumento das ameaças, à dificuldade em as monitorizar, à necessidade de tomar decisões e ao imperativo de reduzir o uso de fitofármacos. A Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense (Advid), um dos promotores da iniciativa, refere que um dos objectivos é «desenvolver uma aplicação móvel que permita a contagem automática de pragas-chave (traça-da-uva, cigarrinha-verde, cigarrinha da Flavescência Dourada) em armadilhas na vinha, de forma a diminuir o erro humano e a maximizar o processo de análise e decisão».
Outra vertente do EyesOnTraps+ consiste no registo automático de temperatura, através de um sensor acoplado, o que permitirá implementar «modelos de apoio à decisão que fundamentarão a emissão de alertas/avisos ao viticultor/técnico». Os alertas «darão indicação mais precisa dos períodos ideais para a realização das estimativas do risco das pragas, suportando o correcto posicionamento de tratamentos insecticidas, maximizando a sua eficácia e promovendo o seu uso sustentável», diz a Advid.
Em comunicado, a associação explica que «o sistema está desenhado de forma modular e escalável, para suportar a detecção de novas pragas e de auxiliares capturados nas armadilhas, permitindo no futuro a identificação de espécies não consideradas no projecto», sendo que, no fim da iniciativa, «deverá obter-se uma solução móvel, comercializável». A entidade indica também que «a utilização destas ferramentas de monitorização automática em conjugação com a aplicação de modelos de previsão de pragas, incorporados em sistemas de apoio à decisão, pretende apoiar os viticultores da região do Douro no processo de monitorização de pragas e na tomada de decisão, contribuindo para o uso sustentável dos pesticidas».
Segundo a Advid, aparecem «novas pragas emergentes que poderão comprometer seriamente a viabilidade desta cultura» e, num contexto de alterações climáticas, as pragas-chave da vinha «desenvolvem um maior número de gerações anuais, o que aumenta a sua nocividade, dificultando a sua correcta monitorização e posteriormente o seu controlo eficaz». Isto significa que «a imprevisibilidade desta ameaça e a dificuldade em monitorizar o grau de risco dificulta a definição de estratégias eficazes que reduzam o número de tratamentos fitossanitários a aplicar».
Actualmente, a monitorização de insectos na vinha é realizada «recorrendo a armadilhas (sexuais e cromotrópicas), mas «a correcta contagem e identificação de insectos é uma tarefa consumidora de tempo e recursos», relata a Advid. Acresce a isto que «a alteração do padrão de distribuição dos insectos faz com que, por vezes, o correcto reconhecimento de insectos exija a contribuição de especialistas em taxonomia, tornando o processo de diagnóstico moroso, estanque e susceptível a erros».
O projecto EyesOnTraps+ é realizado no âmbito do Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico (Norte-01-0247-Feder-039912) e está a ser desenvolvido pela Advid, pelo Fraunhofer Portugal Research e pela GeoDouro – Consultoria e Topografia, Lda (co-promotor principal). Vários representantes do sector do vinho participam como stakeholders, entre os quais a Sogevinus Quintas SA, a Adriano Ramos Pinto – Vinhos SA e a Sogrape Vinhos, SA.