A «descida acentuada dos preços à produção» para os mais pequenos e os «privilégios» para o «núcleo das grandes empresas» que beneficiam de «milhões de euros [em ajudas comunitárias] sem terem de produzir nada», são os principais problemas que João Dinis, membro da direcção da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), identifica no sector agrícola português.
O dirigente da CNA adianta que «as grandes empresas ligadas ao agro-negócio» representam 5% dos beneficiários das ajudas da Política Agrícola Comum (PAC), mas «recebem 95% dos dinheiros».
Esta distribuição desigual das ajudas comunitárias é «especialmente preocupante» visto que existem em Portugal «300.000 pequenas e médias explorações, que ocupam cerca de 700.000 pessoas», sublinha João Dinis.
As declarações feitas à Frutas, Legumes e Flores surgem na sequência da reunião entre os responsáveis da CNA e a ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, no dia 21 de Julho.
Sobre o encontro, João Dinis garante que Assunção Cristas «só olha para as grandes empresas». Contudo, o dirigente da CNA conta que a reunião permitiu discutir alguns pontos do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) 2020 e a apresentação de um «plano sistemático, bem elaborado e multifacetado» para a prevenção dos acidentes com máquinas agrícolas.