CAP: sondagem revela opiniões dos portugueses sobre a agricultura

Segundo uma sondagem realizada pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (CESOP) da Universidade Católica, a pedido da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), 67% dos inquiridos avaliam negativamente o trabalho do Governo relativamente à agricultura, alimentação e preço dos alimentos: para 28% é “muito mau” e para 39% é “mau”. Já o trabalho que tem sido feito pela ministra da Agricultura e da Alimentação é classificado como “razoável” por 41%, como “mau” por 20% e como “muito mau” por 11%.

Dos inquiridos, 83% indica que tem ouvido falar das reivindicações dos agricultores em Portugal nos últimos meses, 89% pensa que «as reivindicações dos agricultores são justas», 55% considera que o Governo não respondeu às reivindicações dos agricultores (11% entendem que respondeu) e 62% optam pela resposta “não” quando questionados se «os apoios do Governo à produção permitem que os consumidores tenham acesso a produtos mais baratos?». Intitulada “A opinião dos portugueses sobre a agricultura nacional” (ou “Agricultura em Portugal – algumas percepções”), esta sondagem foi realizada entre os dias 10 e 19 de Abril de 2023 e tem por base 991 inquéritos, tendo sido apresentada durante a visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, à Feira Nacional de Agricultura, em Santarém, no dia 3 de Junho.

A maioria responde que grande parte das áreas referidas como passíveis de estarem sob tutela do Ministério da Agricultura e da Alimentação (utilização da água, desenvolvimento rural, florestas, pecuária e saúde animal, alimentação sustentável, segurança alimentar) devem estar sob a alçada da entidade, com apenas duas a terem respostas mais favoráveis a serem incluídas noutro ministério: ordenamento do território (58%) e pescas (51%). Na vertente da sustentabilidade, a maioria defende que “deveria haver mais investimento em regadio em todo o país» e que «deveria haver mais investimento para captar mais água para a agricultura».

Para 83%, o empreendimento de Alqueva “valeu a pena”, com 87% a achar que «deveria ser expandida a área de regadio do Alqueva a mais zonas do Alentejo». Um total de 74% responde positivo à questão «há em Portugal regiões agrícolas que são um bom exemplo para a sociedade» e 48% responde sim quando a pergunta é se «há em Portugal regiões agrícolas que são um mau exemplo para a sociedade».

Dos inquiridos, 77% entende que é “muito importante” Portugal investir para garantir a autossuficiência alimentar do país. Questionados sobre que factor é o principal responsável pela subida de preços na alimentação, 40% indica a margem de lucro da distribuição nos super e hipermercados, 34% aponta o aumento do custo dos factores de produção provocado pela guerra e 22% aponta para o Estado, através do IVA.

Para 64%, tem havido progressos na agricultura portuguesa, sendo indicado, como o principal agente responsável pelo progresso, a evolução científica e tecnológica (31%), os agricultores nacionais (24%) e a União Europeia e a Política Agrícola Comum (21%). “Ministério da Agricultura/Governo” é a resposta com maior percentagem para a pergunta «qual o principal agente responsável pela ausência de progresso?», seguindo-se “câmaras municipais e poder local” (16%).

A resposta “razoável” tem a preferência de 49% dos inquiridos quando questionados se «Portugal tem aproveitado a sua pertença à União Europeia para o desenvolvimento da agricultura» – seguem-se as respostas “mal” (24%) e “muito mal” (16%). Não ouviram falar da «política verde» da União Europeia (European Green Deal) 52%. Uns avassaladores 94% defendem que «a Europa deve dar um exemplo e impor regras que protejam o ambiente, mesmo que outros países/região não o façam» e 64% diz que «estaria disposto/a a pagar mais para que esse exemplo fosse dado», com a percentagem de quanto estariam dispostos a pagar a mais a descer com o aumento desse número (1 a 2% é a escolha para 56%, 3 a 4% é a opção para 20% e 5% é a resposta para 16%). Um total de 58% pensa que «faz sentido impedir a entrada de produtos oriundos de regiões onde não imponham os mesmos critérios ambientais, mesmo que isto encareça os produtos que consome», e 41% diz que está disponível para pagar mais 1 a 2%, mas 24% afirma que não está disponível para pagar mais. À medida que a percentagem a pagar a mais aumenta, baixa a taxa de aceitação (14% aceita um incremento de 3 a 4% e 3% estaria disponível para pagar uma subida de mais de 10%).

Luís Mira, secretário-geral da CAP, realça que, «nos últimos anos, temos assistido a uma clara desvalorização política da pasta da Agricultura, consumada no esvaziamento progressivo das competências do Ministério da Agricultura, ao mesmo tempo que assistimos ao empobrecimento do discurso público em torno do sector agrícola», mas afirma, com base nos resultados do inquérito, que «os portugueses entendem a importância deste sector», que «acompanham com interesse o que se vai passando na área e pedem uma aposta clara nesta actividade» e que «existe uma dissonância entre a relevância que este sector tem para a opinião pública e aquela que lhe é conferida pelo Governo». «As conclusões deste estudo mostram que os portugueses querem uma agricultura com um peso político reforçado e uma governação política mais forte, com mais investimento, com visão estratégica, que responda a temas fulcrais, como a boa gestão dos recursos hídricos. Felizmente, mesmo com o desinvestimento a que tem sido votado pelo poder político, o sector tem-se modernizado e, de facto, existe um consenso generalizado na opinião pública – que corresponde, felizmente, à realidade – de que a produção nacional tem qualidade, é sustentável, segura e ambientalmente responsável. Um caminho que tem sido feito graças à iniciativa dos produtores, que têm investido e aplicado as melhores práticas nas suas explorações – apesar da inacção governativa. Este estudo é um contributo da CAP para uma discussão pública mais fundamentada sobre o futuro do sector agroflorestal, que é também o futuro do País», refere Luís Mira.

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