Para José Manuel Lima Santos, investigador do Instituto Superior de Agronomia, o futuro da agricultura passa por produzir mais por hectare, «mas resolvendo os inconvenientes da intensificação».
Actualmente, «existem sistemas naturais porque conseguimos aumentar a produtividade [agrícola]», explicou o investigador. «A agricultura intensiva salvou os ecossistemas naturais.» Contudo, «existem muitos efeitos negativos consequentes da utilização de mais inputs».
O professor, especializado na área das energias renováveis e ambiente, falou no contexto do seminário sobre as alterações climáticas e a agricultura, organizado pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), a 26 de Janeiro.
No mesmo evento, José Manuel Lima Santos relembrou que o impacto das alterações climáticas será sentido com maior intensidade ao nível dos preços da energia e da água.
João Morais Mourato, outro dos investigadores que compunha, com Filipe Duarte dos Santos, o painel de oradores, partilhou as experiências de alguns agricultores sobre as alterações climáticas. A colheita de alguns frutos que passa a ser feita mais cedo, a qualidade do mel que se vai alterando e as pragas como o mosquito africano e a vespa asiática, são alguns dos testemunhos que os produtores vão deixando.
O investigador do Instituto de Ciências Sociais relembrou que as «alterações climáticas também requerem muito do consumidor» e que há que «mobilizar as comunidades locais».
A sessão contou ainda com a presença do ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, que sublinhou «o défice de informação muito grande na matéria das alterações climáticas» e a importância de iniciativas como o seminário organizado pela CAP.