Acordo de concertação social com medidas para a agricultura

Foi assinado ontem, 9 de Outubro, em Lisboa, um acordo de concertação social de médio prazo – até 2026 –, «para melhoria de rendimentos, salários e competitividade», entre o Governo e os dirigentes das confederações patronais – da Indústria, da Agricultura, do Turismo e do Comércio e Serviços – e sindical – UGT. O acordo, assinado na véspera da apresentação da proposta de Orçamento do Estado para 2023, contém várias medidas de âmbito fiscal – como a indicação da reformulação do sistema de reporte e dedução dos prejuízos fiscais gerados em exercícios financeiros anteriores (com a retirada do «limite temporal de reporte de prejuízos fiscais» e a redução do limite do montante que é dedutível), a simplificação dos procedimentos de transmissão de prejuízos fiscais no âmbito de processos de reestruturação de sociedades e a limitação, para micro, pequenas e médias empresas, em 50% do 3.º Pagamento por Conta de IRC de 2022.

Este acordo também envolve o aumento do salário mínimo, benefícios fiscais para as empresas que subirem os ordenados em pelo menos 5,1% e o anúncio de que o Governo vai injectar três mil milhões de euros no sistema de electricidade e gás para limitar o preço da energia. No caso específico da agricultura, o acordo determina que haverá um desconto de 10 cêntimos por litro no gasóleo agrícola – «um apoio extraordinário, no âmbito do gasóleo agrícola, que cobre todo o ano de 2022», de acordo com o Governo – e «a majoração dos custos com fertilizantes e rações para animais, que já tinham beneficiado da redução da taxa do IVA» – que passarão a ter o dobro dos benefícios fiscais em IRS e IRC.

Segundo a SIC Notícias, no âmbito da cerimónia da assinatura do acordo, o presidente da CAP afirmou que «gostaríamos que ainda fosse melhor, mas para isso teria sido necessário mais tempo e termos trabalhado com uma forma diferente», e que as negociações com o Governo permitiram «subir um degrau» – porque o documento assinado «é muito diferente» do que foi apresentado à confederação no início do processo, passando a abranger «todos os agricultores» nas medidas previstas. «Estas medidas não chegam, são insuficientes, mas a imprevisibilidade do futuro e a complexidade do conjunto obriga-nos a todos a dar um passo de cada vez e foi isso que foi feito. Este acordo não se esgota, nem esgota o muito que há ainda para fazermos no sentido de recuperarmos a nossa competitividade», referiu Eduardo Oliveira e Sousa.

A SIC Notícias detalha ainda que, na ocasião, o responsável da CAP solicitou celeridade em decisões como o pagamento atempado aos agricultores, a mitigação dos custos da energia e dos combustíveis, os processos de investimento e a desburocratização do sector. Na cerimónia, o Primeiro-Ministro, António Costa, destacou os quatro objectivos deste acordo – reequilibrar o peso dos salários na riqueza nacional, reforçar a competitividade das empresas, fixar talento jovem e apoiar as famílias e empresas para enfrentar a crise – e que o documento assinado «não é o fim do caminho, é o princípio do caminho».

Por sua vez, a CAP afirma que «conseguiu introduzir medidas específicas para o sector» e que «apesar de não resolver problemas crónicos, o Acordo reveste-se de particular importância no difícil contexto actual». A entidade destaca deste acordo as duas medidas específicas para a agricultura: «Em 2022 e 2023, reforço de 20% para 40% da majoração, em sede de IRS e IRC, dos gastos com rações para animais, fertilizantes e adubos, correctivos orgânicos e minerais e extensão para a água para rega; Apoio extraordinário imediato aos agricultores para mitigar o aumento do preço dos combustíveis, equivalente à taxa de carbono, à redução da taxa unitária do Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP) do gasóleo agrícola para o mínimo legal e a uma compensação pelo IVA, no total de 10 cêntimos por litro tendo em consideração os consumos de gasóleo agrícola reportados ao último ano completo».

Facebook
Twitter
Pinterest
LinkedIn
Email

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Notícias Recentes

José Manuel Fernandes
José Manuel Fernandes é ministro da Agricultura e Pesca do XXIV Governo Constitucional
3b
Santarém recebe III Colóquio sobre o Uso Sustentável dos Pesticidas a 24 de Maio
Alqueva
EDIA disponibiliza Anuário Agrícola de Alqueva de 2023

Notícias relacionadas

José Manuel Fernandes
José Manuel Fernandes é ministro da Agricultura e Pesca do XXIV Governo Constitucional
O até agora eurodeputado José Manuel Ferreira Fernandes é o nome proposto para...
3b
Santarém recebe III Colóquio sobre o Uso Sustentável dos Pesticidas a 24 de Maio
A Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Santarém (ESAS) vai ser...
Alqueva
EDIA disponibiliza Anuário Agrícola de Alqueva de 2023
A Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas de Alqueva (EDIA) disponibilizou...
4a
Grow Field Days promove visitas de campo com foco no microbioma do solo
No âmbito da iniciativa “Grow Field Days”, com o mote “De agricultor para agricultor!”,...