A Direcção da Associação de Agricultores do Ribatejo (AAR) emitiu na noite da passada sexta-feira, 2 de Fevereiro, um comunicado relativo às manifestações de agricultores que decorreram em diferentes locais de Portugal nos dias 1 e 2 de Fevereiro. Reproduzimos abaixo o texto desse comunicado.
«Manifestações – Milhões – Obrigado, agricultores de Portugal
Nota prévia – A Direcção da AAR optou por não reagir a quente, não só por entender que a sua acção/reacção aos acontecimentos devia ser concertada com a CAP [Confederação dos Agricultores de Portugal], mas também porque acreditava que o dia de ontem seria esclarecedor – como foi – para retirar conclusões. Hoje as manifestações continuam e achamos que é o momento.
1 – Obrigado agricultores de Portugal – O vosso movimento civil que nasceu espontaneamente e se organizou em horas, é um sinal genuíno de indignação e as manifestações realizadas só nos engrandecem como País
A AAR sente este sinal dado pela vossa iniciativa, como um estímulo e também uma responsabilidade acrescida, para melhor vos representar no futuro. Aos nossos associados que participaram nas manifestações, queremos agradecer a coragem e disponibilidade. Sentimo-nos orgulhosos e representados, se bem que nada tivéssemos contribuído para a sua realização.
2 – Obrigado CAP – pela rápida intervenção exigindo o pagamento dos apoios compensatórios cortados
A CAP reagiu rápido e foi importante para garantir as promessas do Governo – aguardemos pela sua execução. Temos, no entanto, que referir o nosso desacordo pelo referido no Comunicado após o Conselho de Presidentes. Não concordamos nem nos identificamos com o destaque positivo dado ao Primeiro-Ministro. O que devíamos era ter exigido um pedido de desculpas pelo corte cego e inadmissível dos apoios compensatórios, justos porque essenciais para garantir compromissos assumidos com agricultores, e justificados pela execução das práticas culturais exigidas pela Política Agrícola Comum (PAC ou Plano estratégico 2023-27 PEPAC). Não aceitamos a justificação de erro informático!
3 – Obrigado agricultores europeus (apesar de alguns excessos) – pela luta contra uma PAC inviável e injusta
Recordar com ironia os méritos da Presidência Portuguesa na sua aprovação, que terão justificado a Comenda de Mérito Agrícola em França para a ministra Céu Antunes, uma boa aluna também de Bruxelas, sendo Portugal um dos primeiros países a apresentar PEPAC Nacional.
Infelizmente, ambos os planos comungam do mesmo erro – ignorar os agricultores, o território e as pessoas, com as consequências previsíveis que motivam agora a contestação que vivemos.
Destacar que o PEPAC Nacional e a incompetência da sua aplicação, ampliam e muito em Portugal o efeito negativo do mau acordo europeu.
4 – Indignação pela postura da ministra da Agricultura e do ministro das Finanças no anúncio das verbas
Confundir e repetir milhões anunciados, faz parte da manipulação de verbas comunitárias a que estamos habituados. Descaramento após cortes inadmissíveis, demonstra que nada aprenderam, e que as tentativas de enganar a opinião pública são o melhor desempenho que nos deixam oito anos de Governos PS.
5 – Movimento Associativo e CAP – Reflexão que deixamos
Ultrapassados pelos acontecimentos – Movimento Cívico organizou em horas um protesto com impacto nacional – sem qualquer apoio da nossa parte (CAP, Associações) – temos que reflectir quanto ao nosso desempenho na defesa dos nossos agricultores / associados / sector agrícola no geral.
Palavras de conforto e apoio que damos agora aos agricultores, não nos tiram o desconforto de sentir que, podíamos e devíamos ter feito muito mais para evitar chegar a esta situação, que a CAP várias vezes alertou, mas não obteve resposta, e ficámos passivos perante o que se adivinhava.
Como permitimos tanto tempo ser enganados, perante a mentira persistente, indiferença, incompetência e, manter negociações e acordos com quem nos enganava repetidamente e ignorava?
Recordamos a renomeação da atual Ministra da Agricultura para este mandato, interrompido como sabemos – contra todos os protestos que o Setor já tinha dado – resultado está à vista!
Como nos deixámos enganar pelos sucessivos Governos PS, que manipularam de forma descarada, a distribuição dos Milhões de ajudas compensatórias da PAC?
De uma vez por todas, temos que fazer perceber ao poder político, que o poder de manipular orçamentos nacionais e distribuição de fundos comunitários terminou.
Haja verdade e planeamento estratégico nacional pluri–legislaturas, que impeçam os desvaneios, incompetência e falta de seriedade dos Governos eleitos.
Hora de eleições, hora de milhões – exigência de verdade e compromissos concretos de planos estratégicos nos Programas eleitorais, é o que devemos exigir aos partidos políticos.
Democracia exige verdade e justiça.
Na próxima semana apresentaremos o nosso caderno de encargos de medidas/compromissos essenciais para a próxima Legislatura.
Vivam os agricultores de Portugal
A Direcção da Associação de Agricultores do Ribatejo»
[imagem: André Ferreira]