O conceito não é original do sector e já foi aplicado a ramos tão diversos como as telecomunicações ou os transportes. Os investigadores que se dedicam ao sector hortofrutícola pegaram na ideia e adaptaram-na às frutas e legumes. Domingos Almeida, investigador do Instituto Superior de Agronomia e presidente da Associação Portuguesa de Horticultura (APH), encabeça os estudos sobre esta temática em Portugal.
Durante o IX Simpósio Ibérico de Maturação e Pós-Colheita, que se realiza em Lisboa entre 2 e 4 de Novembro, o investigador apresentou o conceito e confessou que ainda existe algum desconhecimento sobre a última fase da distribuição dos produtos. «Faltam dados de suporte à gestão», afiançou.
O “último quilómetro” começa nos entrepostos da distribuição e termina em casa do consumidor, passando pelas lojas da grande distribuição ou pelo comércio tradicional. Até sair das lojas, a fruta e hortícolas são alvos de gestão de conservação profissional. Depois disso, cabe ao consumidor, de perfil mais «amador», fazer essa conservação.
Esta fase da vida do produto, caracteriza-se pelas unidades com cargas multi-produto, o transporte e armazenamento em muitos equipamentos distintos e a gestão das lojas dependente dos operadores que trabalham em cada uma.
Mariana Bernardo, investigadora do ISA, avaliou as condições ambientais das frutas e hortícolas em lojas da grande distribuição e descobriu que as perdas em relação à temperatura a que estão expostos variam de acordo com os lotes e com os produtos. O tomate, a maçã, a pêra e os citrinos são os que mais sofrem.
Sobre o que fazer para combater estas perdas, a investigadora referiu que «devia existir maior controlo das condições ambientais dos produtos em loja; formar os operadores; e gerir as encomendas dos hortofrutícolas frescos de modo a não ter os alimentos armazenados vários dias».
Neste momento, «só a distribuição moderna está sensível ao consumidor e é quem pode mudar a cadeia de abastecimento que fica para trás», concluiu Domingos Almeida.