Estudo avalia impacto económico da retirada de substâncias activas em Portugal

A eventual exclusão de mais de uma centena de substâncias activas presentes em fitofármacos ao nível da União Europeia poderá colocar em risco em Portugal 810,5 milhões de euros de rendimento agrícola nas fileiras de videira/vinho, oliveira/azeite, milho/grão, pereira/rocha e tomate/indústria. De um rendimento agrícola actual acumulado nestas fileiras de 1.462,5 milhões de euros, o rendimento final desceria para 652 milhões de euros, o que representa uma redução de 55%.

Na fileira do vinho, a quebra de rendimento agrícola prevista é de 46% (de um rendimento actual de 776,0 milhões de euros para um rendimento final de 416,9 milhões de euros), na do azeite é de 56% (de 240,0 M€ para 105,2 M€), na do milho é de 60% (de 196,0 M€ para 78,4 M€), na da pêra é de 76% (de 108,0 M€ para 25,4 M€) e na do tomate é de 82% (de 142,5 M€ para 26,1 M€). Estas são conclusões do estudo “Impacto económico da retirada de substâncias activas em culturas chave em Portugal”, cujos resultados foram apresentados ontem, 19 de Maio, em Lisboa. O documento indica que o valor total de exportações destas cinco fileiras é estimado em cerca de 1,5 mil milhões de euros.

O estudo apresenta uma análise do potencial impacto económico em Portugal caso seja decidido excluir mais de uma centena de substâncias activas presentes em produtos fitofarmacêuticos – cerca de 130 susbstâncias activas na Europa, das quais 112 estão presentes em produtos usados em Portugal. Este estudo foi realizado pela Anipla (Associação Nacional da Indústria para a Protecção das Plantas), em colaboração com 27 entidades e individualidades nacionais ligadas ao sector agrícola.

«A sua retirada conduzirá também a um baixo, ou praticamente nulo, nível de controlo de vários problemas fitossanitários, pela ausência de soluções disponíveis que constitui este cenário. De uma forma geral, o impacto da retirada destas substâncias activas inviabiliza a exploração empresarial de qualquer das culturas em análise», salienta a Anipla em comunicado. A associação considera as conclusões «preocupantes».

António Lopes Dias, director executivo da Anipla, assinala «o perigo sério que a agricultura portuguesa enfrenta pela ameaça à sua competitividade e, consequentemente, significativo impacto quer a nível económico quer a nível social, resultante da perspectiva de redução de soluções». «Fica a faltar apurar o impacto total de uma decisão neste sentido já que, além do impacto no rendimento ao nível do produtor, é preciso apurar impactos a outros níveis: a montante e a jusante das fileiras (onde a indústria agroalimentar seria uma das mais directamente afectadas), bem como a nível social por via do desemprego gerado, mas também na capacidade de fixação de comunidades e desenvolvimento dos meios não urbanos e a nível ambiental, consequência do abandono de terras agrícolas», conclui António Lopes Dias.

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