Nos dois últimos anos, ocorreu em Portugal um boom de projectos para cultivo de cogumelos. A situação, que levanta preocupações, pode potenciar o mercado nacional (em fresco e transformado), mas a exportação surge como caminho inevitável.
A dimensão do boom de projectos de produção de cogumelos é bem visível nos números das Direcções Regionais de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN) e do Centro (DRAPC). A DRAPN aprovou, até 22 de Janeiro, no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural 2007-2013 (Proder), 60 pedidos de apoio para projectos de produção de cogumelos, que representam seis milhões de euros de investimento (a cada projecto corresponde um investimento aproximado de 100.000 euros). Estes projectos foram apresentados sobretudo nos dois últimos anos e dizem todos respeito a primeira instalação de jovem agricultor. Também são todos relativos à produção de Shiitake (Lentinus edodes) – com propriedades medicinais, o segundo mais consumido a nível mundial e que começou a ser produzido em Portugal em 2006. Os projectos localizam-se sobretudo em Viseu (o principal), Guarda e Castelo Branco. Estão praticamente todos em execução e alguns estão já a produzir, embora ainda em pequenas quantidades.
Na zona de influência da DRAPC, os números são mais impressionantes. No âmbito do Proder, foram aprovados até 22 de Janeiro pedidos de apoio para 208 projectos para produção de cogumelos, apresentados por jovens agricultores em primeira instalação. Foi aprovado um valor total de investimento de 16.000.985 euros, correspondendo a um total de subsídio aprovado de 9.000.563 euros. A acrescer à comparticipação pública ao investimento, os jovens agricultores recebem ainda um prémio de primeira instalação, cujo total é 6.000.231 euros. Os 208 projectos estão em execução.
Também as exportações de cogumelos do género “agaricus”, frescos ou refrigerados, têm vindo a crescer em volume e valor, como mostram os dados do INE: de 169,3 t e 1.149.114 € em 2007 para 2.025,3 t e 5.838.961 € em 2013 (Janeiro a Novembro). O recorde foi atingido o ano passado, com 4.536,6 t e 7.567.364 €. Os principais destinos nos últimos anos, por ordem decrescente, são Espanha, Holanda, França, Itália, Suíça, Bélgica, Estados Unidos e Angola.
O interesse nos cogumelos e no seu cultivo ou apanha já levou à criação, em Junho de 2013, da Profungi – Associação Portuguesa de Produtores e Recoletores de Cogumelos –, de âmbito nacional e que visa ajudar a organizar o sector, para criar dimensão e promover as boas práticas de apanha e exploração.
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